Na noite seguinte, Jane e Maximilian deixaram o castelo às oito horas em ponto. Jane se aprontou para enfrentar sua primeira missão individual e encontrou-se com o camaleão e o restante do clã na sala dos três tronos, onde, diferente das outras vezes, Aro não preparou um grande banquete, pois os Volturis não confraternizavam com traidores.
Ela ignorou o olhar petulante de Demetri, percebendo que somente Alec e os mestres se despediram dela, e que ninguém se despediu dele.
— Eu cuidarei de tudo! – sussurra Jane ao irmão, como uma forma de despedida e de confirmar o que havia lhe prometido na noite anterior. Ela fica tentada a abraçá-lo, mas se contém, temendo que o gesto pouco habitual chamasse demais a atenção do clã.
— Vou sentir a sua falta – cochicha Alec de volta, detestando a ideia de se separar de sua gêmea novamente.
— Eu também – responde com sinceridade, assumindo um semblante sério ao acrescentar, de forma muda, um "fique de olho em tudo" no final de sua frase, fazendo Alec assentir positivamente com a cabeça.
E enquanto os gêmeos efetuavam sua discreta despedida, Aro se aproxima do camaleão sorrateiramente, segurando-o de forma pouco amigável pelos ombros e se aproximando de seu ouvido com a intenção de não ser escutado por mais ninguém além dele:
— Eu sei de tudo – sussurra Aro num tom quase inaudível, confirmando o que ele já desconfiava e fazendo-o trincar os dentes. – Você achou que poderia retirar Jane de nós? Pequeno tolo, eu soube desde o primeiro dia! Eu vou destruí-lo, e farei isso lentamente, com Jane por perto – ameaça, com os olhos vermelhos cintilando em irritação –, para que seu último pensamento seja o lamento de que ela nunca o amou, de que nunca teve chance, de que sua tola ideia de enfrentar os Volturis não deu em nada!
O camaleão ouve a tudo calado, sentindo os músculos tensos diante da explícita ameaça, mas não tendo nada para responder ao mestre. Em silêncio ele ficou diante de Aro e em silêncio se retirou do castelo, esperando que ambos – ele e Jane – saíssem de Volterra e fossem engolidos pela escuridão da noite, para quebrar o silêncio e falar com a vampira pela primeira vez naquele dia:
— Você e Alec continuam tão unidos quanto eu me lembro... Ele não se negou a quebrar as regras para ajudá-la na Notte Rossa e você também não mede esforços para protegê-lo. – Pausa, esperando que ela dissesse algo, mas se frustrando. – Quantas coisas você já fez para protegê-lo?
— Algumas. – responde prontamente, surpreendendo Maximilian por soar amigável, em vez de irritadiça. – Somos gêmeos, mas Alec não é como eu. Ele é mais "acessível" e isso o deixa vulnerável a cometer falhas.
— Por isso você o mantém sempre por perto... – completa, vendo a vampira confirmar com a cabeça. – Protegê-lo dessa forma parece irônico, vindo de alguém que cobra que os demais dancem conforme a música – provoca, frustrando-se novamente quando a vampira apenas deu de ombros. – Eu a fiz quebrar sua primeira regra, não foi? – questiona, tentando sorrir, não querendo que a conversa morresse tão depressa.
— Sim – concorda, torcendo a boca.
— Bem-vinda ao mundo dos foras da lei!
— Para onde vamos? – pergunta Jane na sequência, querendo mudar de assunto e dar logo um rumo à viagem.
— Vamos para a Inglaterra... A nossa casa!
— A Itália é a minha casa – rebate rapidamente, com a voz soando um pouco mais firme, não querendo ter mais nenhuma ligação com as terras inglesas.
Jane já estivera lá outras vezes. Já passara, inclusive, pelo local onde nasceu e cresceu, encontrando-a inteiramente diferente do que se lembrava em sua lembrança "daquele dia". Entretanto, ela se recusava a chamar aquelas terras de "casa" ou de "lar" novamente. Aquele povo a feriu e a vampira não queria mais fazer parte dele.
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Coração Gelado
FanfictionFria, cruel e calculista, era assim que Jane Volturi sempre fora conhecida. Por onde passava sua fama a precedia, os vampiros a temiam, sua presença imponente inspirava medo e seus olhos emanavam a morte. Reconhecida por seu mestre como um símbolo d...