...Volta!

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Jane é a primeira a atravessar a porta que separava o corredor da sala dos três tronos, parando momentaneamente ao se separar com os três mestres e o restante da Guarda Volturi ali, a encarando. Maximilian e Alec ultrapassam o batente logo atrás dela, captando a tensão no ar.

Os gêmeos fazem uma reverência aos mestres simultaneamente e, após um leve aceno de mão de Aro, eles se dirigem ao seu costumeiro lugar ao lado dos tronos, deixando que Maximilian caminhasse sozinho para o meio do salão. Por fora o vampiro parecia calmo e confiante, como se não temesse a morte ou o que quer que fosse acontecer a ele, porém, por dentro, sentia-se amedrontado e triste.

— Aproxime-se, Maximilian! – pede Aro, com uma pontada de irritação na voz, fazendo o vampiro se lembrar do conselho de Jane no mesmo instante, de que ele tinha muitos segredos e deveria ter cuidado.

— Acho que é um pouco tarde para se ter cuidado – conclui em pensamento.

O vampiro se aproxima hesitante, percebendo que Caius também parecia irritado e até mesmo Marcus saíra de sua melancolia habitual para dar atenção àquele assunto. Ao lado deles, mas no sentido oposto ao dos gêmeos, Demetri sorria debochadamente em sua direção. Os cantos direito e esquerdo do salão foram ocupados por Heidi, Felix, Renata e alguns outros, que precisavam estar presentes caso o mestre ordenasse uma execução imediata.

Aro se aproxima de Alec e Jane, conversando com eles através de sussurros quase inaudíveis, ouvindo da boca de sua serva mais leal a mesma história que Alec havia lhe contado minutos antes: que ele estava investigando o camaleão, mas que pretendia juntar mais informações antes de denunciá-lo; que Jane sabia de sua espionagem e o apoiava, pelo bem de suas leis e do clã; que Demetri estragara uma investigação importante antes que eles pudessem descobrir o paradeiro de Andrômeda.

Maximilian ficou tenso quando viu Jane oferecer a mão direita ao seu mestre, para que ele pudesse conferir seus relatos através de suas lembranças, caso estivesse duvidando de suas palavras. Um gesto que foi feito tão naturalmente, que nem um resquício de medo ou tensão atravessou o corpo da pequena vampira, fazendo Aro erguer ambas as mãos em recusa, acreditando imediatamente na versão que ela lhe contava.

Era possível ver a frustração e a satisfação duelando nos olhos de Demetri, como se ambas as sensações competissem por sua atenção. A frustração vinha pelo favoritismo de seu mestre o cegar para a verdade, para o fato de que Jane e Alec não eram tão leais quanto ele imaginava, e pelos gêmeos continuarem tão intocáveis quanto antes. E a satisfação vinha do fato dele conseguir colocar ao menos um de seus desafetos na linha de tiro do clã.

— Quem é Andrômeda? – pergunta Aro sem rodeios.

— O quê? – questiona surpreso, percebendo que o mestre não sabia nada além de seu nome, o que significava que Demetri não sabia o suficiente para delatá-lo e que apenas jogara a informação vaga para Aro, para que o vampiro investigasse por conta própria.

Os olhos vermelhos de Maximilian voam para Demetri rapidamente, que agora já esboçava um grande e boçal sorriso, movendo os lábios de forma muda em uma palavra que ele entendera muito bem: "xeque!". Ele era o delator e o estava colocando em xeque, como num jogo de xadrez, somente porque ficou ao lado de Jane.

— Não se faça de tolo!!! – grita Aro de repente, chamando a atenção do camaleão de volta para si e deixando que a voz soasse um pouco esganiçada. – Andrômeda, a sua criadora! Quem ela é? Ainda está viva?

— Eu não sei, mestre, me separei dela há muito tempo – responde de forma evasiva.

— Dei-me a mão! – ordena com impaciência, fazendo a vampiro recuar um passo e esconder os braços atrás de seu corpo.

Coração GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora