Nervos à Flor da Pele - Parte II

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Já distante dali, Jane entra na biblioteca sem saber bem o que estava fazendo. Ela amava Alec e jamais negaria tal fato, afinal, ele era seu irmão, seu gêmeo, sua única família de sangue, que estivera com ela antes, durante e após a transformação. Entre eles havia um elo único, que os impedia até mesmo de ficarem muito tempo afastado. Contudo, a vampira nunca pensou em falar daquele sentimento abertamente para ele.

Na verdade, Jane nem sequer sabia que podia sentir aquilo.

Maldito Maximilian que até naquilo tinha razão, que até naquilo se mostrava melhor do que ela. O camaleão havia dito que ela sentia amor, mesmo que tivesse negado veementemente, e tinha acertado. Ela queria fazê-lo pagar por todas as coisas estranhas que estava trazendo para sua segunda vida, coisas que ela preferia que permanecessem enterradas junto com sua humanidade.

- Sentimentos e emoções são fraquezas! - repreende-se mentalmente. - É só observar o quão ridículos os Cullens se parecem, com toda aquela idiotice de família, amor e bons sentimentos! Parecem um bando de frangos, que cacarejam nervosamente todas as vezes que chegamos perto!

O corpo de Jane congela quando um novo pensamento a atinge. Parecerem fracos não os tornava realmente fracos. Os Cullens tinham dons interessantes e que Aro evidentemente cobiçava, mas nunca se entregaram às vontades dele, nem tampouco se dobraram quando a criança mestiça nasceu. Muito pelo contrário, eles prepararam discursos e um pequeno exército para lutar pela híbrida até o fim, de um jeito ou de outro. A família Cullen respeitava os Volturis e, até certo ponto, os temiam, mas nunca se mostraram fracos como tantos outros grupos e clãs vampiros.

Os sentimentos não os tornaram fracos.

Os sentimentos os tornaram ainda mais corajosos...

- Jane? - chama Maximilian pela terceira vez, retirando a vampira de seus devaneios e fazendo-a finalmente perceber que não estava sozinha na biblioteca.

Demetri e Felix estavam separados por um tabuleiro de xadrez, mas a encaravam como se ela fosse um alien, em vez de uma vampira. Maximilian estava lendo um livro a exatos 2 metros deles, um livro de poemas, reparou Jane mesmo com a distância. E ao lado do camaleão estava Heidi, trajando um vestido vermelho com decote profundo, um exagero de vestimenta que ela obviamente não estava usado a momentos atrás.

Além disso, Heidi também estava com um livro em mãos, tentando parecer culta. Jane sabia que a vampira não tinha o hábito de ler. Ela gostava de músicas e nunca havia entrado naquela biblioteca até aquele dia. Estava claro que fazia aquilo pelo camaleão.

- Jane? - chama Maximilian novamente, fechando o livro e movendo-se para a ponta do assento, fazendo menção de levantar.

Todos os vampiros a encaravam e a vampira sentiu-se idiota por ficar parada ali, como uma estúpida estátua de gelo, olhando para o nada enquanto a mente vagava por sabe-se lá quanto tempo.

- Sim? - questiona, respondendo a pergunta com outra pergunta, tentando aparentar normalidade.

- Tudo bem?

- Sim - responde somente, caminhando em direção à estante de terror mesmo que não precisasse de um livro novo, reparando, pelo canto dos olhos, que Felix e Demetri riam de sua situação.

Maximilian observa seu caminhar com atenção, percebendo algo de estranho nele. Jane estava tensa, apesar de aparentar calmaria, algo que não era comum, já que ela não via a raiva como um sinal de fraqueza e não se importava em demonstrá-la.

Ele se levanta sorrateiramente, seguindo os passos de Jane para a sessão de terror e deixando Heidi para trás, ignorando completamente qualquer tentativa feminina de impressioná-lo e a irritando-se com a mesma proporção.

Coração GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora