Addio, Volterra! - Parte I

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Jane entra na recepção do castelo sozinha depois de um longo período de viagem, em que tivera de usar lentes tão ridículas quanto as de Heidi para passar pelo aeroporto e conseguir um voo particular. Ela podia sentir o aperto na boca de seu estômago novamente, tão forte quanto no dia em que precisou enganar o seu mestre depois dos eventos da Notte Rossa.

Maximilian tinha virado o seu mundo de ponta cabeça, definitivamente a arrancando de sua rotina controlada e posto superior, e lançando-a num outro tipo de realidade, mas ela não sentia-se zangada por isso. Não havia raiva ou arrependimento em seu interior, apenas a ansiedade por estar fazendo o que muitos vampiros já tentaram inutilmente realizar: rebelar-se contra os Volturis.

Os mestres eram muito bons para farejar levantes e ainda melhores para apagá-los, será que desconfiariam dela quando cruzasse a porta do grande salão? A vampira respira profundamente enquanto avançava pelo corredor, colocando ordem em seu interior e vestindo sua melhor máscara de frieza para que se parecesse com a mesma Jane que deixara o castelo há quase um mês, torcendo para que seus olhos não estivessem expressivos demais.

O camaleão era tão fácil de se ler que ela temia ter ficado igual.

Aquilo seria difícil, muito difícil.

As portas do grande salão estavam abertas quando ela se aproximou, entrando com passos firmes e se colocando no centro dele, bem à frente dos três tronos, mas, ao mesmo tempo, o mais longe que conseguiu ficar sem levantar suspeitas. Heidi e Demetri estavam lá, conversando com os mestres sobre a organização do próximo banquete, e calaram-se ao vê-la, não demonstrando surpresa alguma com a ausência de Maximilian.

Aro sorri diante de sua chegada solitária, imaginando que não somente Andrômeda como também o camaleão estavam devidamente mortos. A caçada havia demorado e os mestres acreditaram, a princípio, que a tarefa deveria ser árdua para uma única pessoa fazer. Contudo, ali estava ela, Jane Volturi, com o brasão cintilando em seu peito e sendo a única a retornar. O sabor da vitória era tão doce quanto o sangue e Aro ansiou por tocar as mãos de sua leal serva, a fim de conhecer todos os detalhes de sua missão individual.

Ele queria saber como foi a caçada, qual a estratégia usada por sua pupila para atrair e matar Andrômeda, e queria ver o sofrimento no rosto de Maximilian por encontrar a morte final através das mãos de sua amada, que nunca se lembrara dele ou de sua promessa de ficarem juntos. Aro sorria de satisfação, tanto por dentro quanto por fora, e aguardava a aproximação de Jane, uma aproximação que não veio...

Jane sempre se aproximava dos mestres quando era a líder de uma missão, sempre oferecia sua mão voluntariamente porque nunca tinha nada a esconder, sendo sempre o cãozinho obediente que se postava ao lado de seu dono quando retornava. Contudo, ela não foi assim dessa vez. A vampira não avançou um passo, não estendeu suas mãos ao líder do clã Volturi e não se colocou ao seu lado.

— Onde está Alec? – pergunta seriamente, mantendo a postura bem ereta e se concentrando para que suas sobrancelhas não arqueassem em expectativa. Ela sentia saudade de seu gêmeo, desejava abraçá-lo e retirá-lo dali o mais rápido possível, pois já podia sentir a atmosfera mudando e se tornando perigosa.

Será que os outros percebiam o mesmo que ela? Ou a atmosfera daquele castelo sempre fora hostil e somente agora ela se dava conta daquilo? Será que todos os vampiros que entravam ali sentiam aquela opressão de morte sobre os ombros? Como se eles não fossem mais sair vivos daquele salão?

— Certamente em seus aposentos... – comenta Aro, estranhando imensamente o comportamento da vampira, mas ainda esperando que ela se aproximasse como sempre fazia.

Jane acena positivamente com a cabeça e caminha em direção ao corredor ao lado dos três tronos, saindo da vista dos mestres e deixando a todos embasbacados. E como poderia ser diferente? Ela não podia simplesmente lhe conceder sua mão e deixá-lo saber de tudo, das lembranças, do amor, de seus pensamentos mais secretos, da localização da residência e do paradeiro de Maximilian.

Coração GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora