Roubando o Lugar de Confiança

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Maximilian caminhava solitariamente em direção a biblioteca, que havia descoberto existir há uma semana, quando explorava os corredores do castelo, e que imaginava ser a origem dos exemplares que tinham sido levados ao seu quarto.

Nos dias que se seguiram à missão da criança imortal, a Guarda Volturi permaneceu enclausurada dentro do castelo, retornando à sua rotina sem graça, já que eles não faziam nada fora do castelo a não ser que os mestres ordenassem. Feliz era Alec, que, como prometido por Maximilian, vinha sendo doutrinado na arte das batalhas e da luta corpo a corpo. Ele nunca havia sido treinado daquela forma antes, afinal, quando se tem um dom como o dele, qualquer tipo de esforço físico torna-se obsoleto, mas estava adorando a nova experiência e sentia ficar mais forte do que nunca.

O treinamento ocorria durante todas as tardes e um mundo novo se abriu para o gêmeo Volturi, que descobriu ter mais habilidades do que apenas o seu poder especial. Com uma memória privilegiada e um corpo que nunca se cansava, Alec percebeu que conseguia oferecer ainda mais ao seu clã, aprendendo todos os movimentos de Maximilian com rapidez e eficiência, e querendo sempre mais.

Com isso, o camaleão percebeu que, apesar de serem gêmeos, a imortalidade havia se desenvolvido de forma diferente em cada um dos irmãos. Enquanto Alec se mostrava acessível ao contato e era um vampiro fácil de se aproximar, Jane levantava um muro entre eles, impedindo-o de obter qualquer avanço, apesar de morarem no mesmo lugar e de se verem todos os dias.

Quando não estava treinando, Maximilian aproveitava o seu tempo para estudar cada um dos vampiros daquele lugar, descobrindo algumas coisas interessantes sobre alguns deles: (1) Demetri passava seu tempo ocioso jogando xadrez com qualquer um que aceitasse o desafio; (2) Felix usava o tempo livre para reclamar que não tinha nada para fazer ou para implicar com Santiago; (3) Heidi estava começando a demonstrar interesse por ele; (4) Renata era discreta e gostava de ler romances melosos; (5) alguns vampiros de menor escalão saíam durante a noite, para brincar com os humanos e satisfazer suas luxúrias, mas a Guarda não podia sair sem a permissão dos mestres; (6) Alec passava a maior parte do tempo na companhia da irmã, e, depois que começou a treinar, estava fascinado pelo assunto e não falava de outra coisa a não ser lutas e golpes; (7) Jane só dialogava de verdade com o irmão; (8) Jane não jogava xadrez, nem damas, nem qualquer outro jogo; (9) Jane gostava de ler apenas livros de terror; (10) Jane odiava a cor verde; (11) Jane nunca deixava o cabelo solto; (12) Jane não tinha um companheiro vampiro; (13) Jane odiava vê-lo conversando com Alec; (14) Jane nunca pronunciava o nome dele; (15) Jane odiava quando seus caminhos se cruzavam.

Maximilian para diante da porta da biblioteca, percebendo que, de todas as observações que fizera dos Volturis, a maioria delas era sobre Jane.

Ele empurra a porta de madeira e adentra a enorme biblioteca de Volterra, que possuía exemplares tão antigos que já eram considerados raros e desaparecidos no mundo humano. Seus olhos encontraram Jane com facilidade, pois era exatamente por ela que estava ali, contudo, foi Alec o primeiro a se aproximar, largando um livro sobre a cadeira em que estava e correndo em direção ao camaleão.

— Posso testar uma coisa?

— Pode, eu acho – concorda ele, pouco antes de Alec agarrar o seu braço, girar o corpo e o lançar por cima do ombro, fazendo-o cair de costas no chão e automaticamente chamar a atenção de Jane. – O que foi isso? – questiona perplexo.

— Acabei de ver em um livro. Acha que posso usar esse movimento? – pergunta orgulhoso, dando um sorriso irônico ao olhá-lo de cima.

— Com certeza. Isso será muito útil.

Alec sorri com evidente satisfação e retorna para o seu assento, ignorando o fato de que Maximilian permanecia ao chão. O camaleão senta-se rapidamente, a tempo de ver o vampiro apanhar o seu livro sobre movimentos de luta e sentar-se, e de perceber que Jane desviava os olhos dele com um sorriso torto nos lábios.

Coração GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora