ter ansiedade é como viver ilhado: o tempo todo estou procurando alguém pra me tirar de um lugar onde me sinto sozinho, sem ar, fraco e perdido. a ansiedade me coloca neste lugar de impotência e quando aparece, mal consigo respirar. meu corpo não entende como é fazer o trabalho básico de bombear oxigênio pro meu cérebro e por vezes meu raciocínio se perde na confusão de tentar sair dela. hoje acordei ansioso. o coração acelerado, quente, um peso descomunal no corpo e uma sensação de abandono muito grande. fiquei me perguntando se passaria a vida assim, brigando comigo próprio por um pouquinho de descanso. às vezes quero ser mais leve, calmo, tranquilo, menos intenso. tem muito da minha intensidade na ansiedade. tem muito da minha mente agitada, dos meus pensamentos que não param, da minha atenção em tudo e a todos: estou constantemente sentindo a adrenalina de ser sensível demais. carregar a ansiedade consigo é saber que em algum momento o coração vai sair pela boca. que mesmo em movimentos cotidianos, como andar de ônibus ou esbarrar no ex pela escola, seu corpo pode começar a te sabotar e tudo, de repente, não fazer o menor sentido. e então você começa a transpirar, as mãos procurando alguma coisa em que se apoiar, os pés agitados querendo liberar a energia estranha de não saber o que fazer. a ansiedade me faz não entender absolutamente nada das minhas emoções. é como se minhas emoções me jogassem contra a parede, apertassem meu pescoço e só soltassem após muito esforço. e aí eu volto à tona, pra respirar. tem dias que eu consigo vencê-la, há dias que ela me vence, e nessas vou vendo que sou mais forte que ela. sei que existem outras pessoas se sentindo ilhadas como eu, ou mesmo sozinhas e abandonadas, mas também sei que quando a gente se encontra, a gente se olha e se ajuda. quando eu escrevo, eu encontro outras pessoas pra tirar da ilha e trazer de volta à realidade. e assim vamos juntos nesse caminho.
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Mar Menino
Poetryesse livro traz textos e poemas sobre meus dias em companhia da ansiedade, retratando desde o dia em que nos conhecemos. até os dias sombrios em que meu corpo sorria de maneira automática e eu era apenas uma carcaça sendo dirigida. o livro também re...