Twenty-two

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— Jooheon, pode atender essa cliente? — o homem de barbas e cabelos grisalhos que mexia no forno dos pães gritou para o mais novo, que parou de limpar o balcão e se aproximou do caixa.

— No que eu posso ajudar? — perguntou com um sorriso, esse que se desfez assim que viu a mulher da noite anterior de pé em sua frente — O que está fazendo aqui?

— Nós precisamos conversar.

— Nós não temos o que conversar.

— A Ily também é a minha filha e eu tenho o direito de ver ela.

— E eu tenho o direito de deixar ou não, já que criei ela sozinho. — Jooheon respondeu e começou a se retirar, mas parou assim que a escutou continuar falando.

— Me desculpe, mas se você se recusar conversar comigo, teremos que decidir isso em um tribunal. — o maior se virou para ela novamente — Que horas você sai?

— Me espere na lanchonete aqui  em frente, vou ser liberado em vinte minutos. — a mulher não respondeu mais nada, apenas assentiu e se retirou.

Jooheon terminou suas funções e assim que foi liberado para o seu horário de almoço, foi para o restaurante, entrando e encontrando Sihee sentada em uma das mesas para dois próximas à janela. Ele caminhou até ela e se sentou, a observou analisar o cardápio enquanto segurava uma xícara de café e engoliu seco quando ela o olhou e colocou a xícara na mesa.

— Eu já fiz o nosso pedido.

— Por que não me esperou?

— Duvido que seu gosto tenha mudado muito durante esses anos. E não se preocupe, o lanche é por minha conta.

— O que você quer?

— Eu quero me aproximar da nossa filha.

— Da minha filha? Por quê? Por que você resolveu surgir do nada e conhecer ela? Você não a queria, você deixou isso bem claro.

— Eu preciso dela. — rebateu, fazendo Jooheon arquear uma sobrancelha e a olhar desconfiado.

— Precisa dela?

— Não, não foi isso que eu quis dizer...

— Foi exatamente isso que você disse. — a mulher suspirou e fechou o cardápio que segurava — O que você quer com a minha filha?

— O meu marido...

— O que?

— Eu me casei com um homem e acabei deixando escapar que tenho uma filha.

— E daí?

— E daí que ele me convenceu a procurar ela Jooheon, ele não pode ter filhos e a Ily é o mais rápido disso que podemos ter.

— O que? Você quer tomar minha filha de mim? — perguntou aumentando o tom de voz, chamando a atenção das pessoas sentadas ao redor.

— Jooheon...

— Você não vai tirar ela de mim.

— Que condições você dá a ela, Jooheon? Você mora em uma casa que não é sua, trabalha em uma padaria praticamente falida, você depende de outra pessoa e não vê sua filha durante a maior parte do dia.

— Eu faço tudo o que eu posso por ela, sempre fiz.

— Você acha que é o suficiente? Você me julgava por eu ter ido embora, mas agora que eu quero voltar e concertar tudo você não deixa? 

—Qual é o seu problema? — perguntou com os olhos já cheios de lágrimas, a mulher tentou tocar sua mão, mas ele logo a retirou da mesa.

— Eu não quero tomar a Ily de você de vez, eu não faria algo assim. Sei que você a ama e é por isso que vai pensar no que é melhor pra ela, vai pensar que morar em um bairro melhor, em uma casa maior, estudar em uma escola melhor, ficar mais tempo perto dos responsáveis, vai entender que isso é o melhor pra ela. Quantas vezes ela te pediu algo que você não pôde dar, Jooheon? Eu e meu marido podemos dar o que ela quiser.

— Você não quer ela por amor ou arrependimento, você quer agradar seu marido e facilitar as coisas pra vocês.

— Eu não tenho como amar alguém que eu não conheço, mas nós vamos aprender a ama-la e ela também vai se acostumar com isso. Nós já conversamos sobre o que sugerir a você, você pode ficar com ela durante os finais de semana e feriados. Nós costumamos viajar, então seria vantajoso pra todo mundo. Por favor Jooheon, pense nisso. Se você não concordar com as coisas assim, nós vamos entrar em ações legais e lutar pra ter ela por completo. Eu não quero fazer isso com você e nós podemos conseguir, temos dinheiro o suficiente pra isso, então por favor...

— Você promete que... se eu concordar, vocês vão cuidar bem dela e não vão privar meus finais de semana?

— Eu prometo. — Jooheon não disse mais nada, apenas se levantou — Aonde vai?

— Eu preciso pensar, não quero comer.

— Espera. — Sihee levantou a mão e chamou um garçom, esse que se aproximou — Não precisa trazer meu pedido. — pediu e entregou o dinheiro — Fique com o troco.

—O que está fazendo?

— Me deixa ver a Ily, me deixa... levar ela pra comer algo depois da escola.
Ela já deve estar saindo, certo? Assim você e seu...

— Meu noivo.

— É.. seu noivo. Vocês vão poder conversar sobre isso juntos e... eu vou poder conhecer a Ily melhor.

— Leve ela pra nossa casa antes das oito.

— Nove?

— Ela precisa dormir, tem aula amanhã.

— Amanhã é feriado, não deve ter aula... — Jooheon suspirou.

— Ta.

— Eu posso dirigir a até a escola, só me diga o caminho. — disse sorrindo ao se retirar da cafeteria, sendo seguida por Jooheon.

FamILY [Joohyuk]Onde histórias criam vida. Descubra agora