A aula já havia começado e Minhyuk havia passado uma pequena tarefa para seus alunos: desenhar algo que fizeram durante as férias. Todos os pequenos se expressavam como desejavam com os giz de cera que se encontrava sobre a mesa. Exceto uma, essa que chamou a atenção de Minhyuk, que se aproximou dela devagar e se ajoelhou ao seu lado.
— Ily, não é? — a pequena assentiu — O que houve? Por que não está desenhando?
— Eu quero o meu pai.
— Ele vai chegar daqui a algumas horas, não vai demorar, aí você vai poder ficar com ele. — a pequena negou com a cabeça, o loiro e olhou confuso, se sentou no chão e a puxou para seu colo — Não? — ela negou novamente — Por que não? Pensei que o quisesse...
— Quando a gente chega em casa, a gente come e depois dorme.
— Ah, ele não fica muito tempo com você? — ela negou mais uma vez — Só nos finais de semana, não é?
— Um dia só.
— E você sente falta dele? — ela assentiu. O loiro ajeitou a criança em seu colo e a entregou um giz — Por que você não o desenha?
— Eu não sei desenhar.
— Todo mundo sabe desenhar, só que cada um do seu próprio jeito. — o loiro falou sorrindo e a menina deu um sorriso tímido antes de começar a fazer seus rabiscos no papel.
O restante da manhã foi tranquila, a tarde também. Ily estudava período integral, ficando assim em duas turmas, Minhyuk estranhou, mas ficou feliz pela pequena ficar em sua turma da tarde também. Ela continuou quieta, por mais que o loiro a perturbasse e tentasse fazer com que ela interagisse vez ou outra. No final da tarde, ele a chamou e a pegou no colo, andou até sua mesa e sentou na mesma.
— Pegue. — ele falou ao entregar uma pelúcia de baleia, não era pequena e nem grande, mas do tamanho perfeito para que Ily conseguisse a abraçar e carregar — Gostou? — ela assentiu, com um sorriso no rosto e olhos brilhando — Eu gosto de colecionar coisas de baleia e comprei essa pelúcia em uma loja antes de vir, mas você pode ficar com ela se quiser. Ela pode ser sua amiga, quando você estiver longe do seu pai, ainda vai ter ela do seu lado.
— Obrigada. — ela agradeceu admirando a pelúcia em suas mãos.
— De nada. Qual vai ser o nome dela?
— Jota.
— Jota? — a pequena assentiu — Por quê?
— É a letra do nome do papai. — Minhyuk sorriu largo e assentiu, mostrando que havia entendido — Você vai ser meu amigo também? — o loiro se surpreendeu com a pergunta, mas ficou feliz. Em apenas um dia, conseguiu se apegar à pequena e ficava feliz com a confiança que estava conquistando dela.
— Se eu vou ser? Mas nos já somos amigos, não somos? — ela assentiu sorrindo e ele deu um beijo em sua testa — Vai lá na tia pra ela te arrumar, seu pai já deve estar vindo. — falou enquanto apontava para sua dupla e colocava a criança no chão.
Minhyuk entrou foi até a sala dos professores e organizou algumas coisas. Ele e dividia a turma da tarde com outra educadora, por ser uma turma mais cheia, então às vezes eles revezavam quem observaria as crianças e as entregaria ao pais na hora da saída. Ele organizou os desenhos do dia, separou o que faria no dia seguinte e assim que saiu da sala, quase uma hora depois, viu que sua dupla ainda estava alí e estranhou, já que ela já deveria ter ido embora.
— Por que ainda está aqui? Vai ficar tarde pra você ir pra casa. — ela não respondeu, apenas apontou para os bancos da entrada da escola com a cabeça. Minhyuk desviou seu olhar para onde ela havia apontado e se surpreendeu ao ver que Ily ainda estava alí, sentada e abraçada com a pelúcia de baleia.
— Papai! — e escutou ela dizer alegre antes de se levantar e correr para a porta. Jooheon havia acabado de chegar.
— Yeoreum, pode dar alguns biscoitos pra Ily antes de ir embora? Eu quero falar com o pai dela. — a criança negou com a cabeça e abraçou a perna do pai, o loiro se abaixou e a olhou — É rapidinho tá bom? Eu te devolvo ele em dois minutos, eu prometo. — a garota estendeu a mão para a criança, que aceitou hesitante e deixou que ela a guiasse.
— O que houve? A Ily fez algo de errado? Está tudo bem? — o pai perguntou preocupado e Minhyuk suspirou.
— Ela não dá trabalho algum, é uma criança incrível. Mas já deveria estar em casa, a aula dela acabou a uma hora atrás.
— Eu sei, me desculpe. Não consegui sair à tempo do trabalho, tive que fechar a loja hoje...
— O senhor trabalha muito, não é? — o moreno assentiu — A Ily tem mãe, avó, tios, algo assim?
— Não, nós não temos ninguém, somos só nos dois, por quê?
— Ela só tem você, então é muito mais apegada do que outras crianças. Você colocou ela pra estudar em duas turmas e não tem tempo pra ficar com ela, isso pode ser frustrante e prejudicar o emocional dela, ela é uma criança e sente sua falta.
— Aonde você quer chegar com isso?
— Eu queria te aconselhar a tentar ser mais presente.
— E você acha que eu não queria? Acha que eu não gosto dela ou algo assim?
— Não foi isso que eu quis dizer.
— Ela é a única coisa que eu tenho. Esse é o único emprego que eu consegui pra sustentar ela, eu não tenho tempo porque ela precisa comer e estudar. Eu cuido dela sozinho a três anos, sem ajuda e não vou deixar ninguém me interpretar como um pai ruim ou tentar me ensinar a como ser um a essa altura do campeonato. — Jooheon olhou para a filha — Ily, vamos. — a criança correu em sua direção e ele a pegou no colo, começou a andar para fora da escola.
Ily o olhou para Minhyuk e acenou com a mão que segurava o biscoito, já que a outra estava ocupada demais abraçando a pelúcia que ganhara a poucas horas atrás.
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FamILY [Joohyuk]
RomantizmJooheon é um pai solteiro que dedica sua vida a trabalhar para dar o melhor à sua filha e Minhyuk é professor na primeira escola onde ela vai estudar.