Capítulo 4 - Mac é um psicopata?

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Eu sabia que tinha sido coisa do Mac. Tinha de ser o Mac.

Que jeito mais infantil e detestável de se vingar do término. Ele entrou sorrateiramente pela porta da frente e colocou um rato na minha cama. Que psicopata. Que sociopata.

Mac tinha sido transferido para Shadyside High no ano anterior. Eu sabia que ele tinha má fama.

Tinha ouvido dizer que ele havia sido suspenso na escola antiga por briga. Tinha visto seu temperamento violento.

Mas também achei que tivesse bom coração. Às vezes era gentil, de fala mansa, tímido até. Tinha um lado meigo que não deixava muita gente ver. Sim, ele era muito possessivo, embora nós estivéssemos nos vendo havia só algumas semanas. E ele não gostava que eu andasse com Amy e meus outros amigos.

Mas eu meio que achei que isso fosse por ele gostar de mim.

Como sou imbecil.

Logo de cara a Amy me alertou sobre ele. Disse que eu só estava procurando alguém que fosse o oposto do meu antigo namorado. Ela não gostava das explosões de raiva de Mac, do jeito que ele xingava sem parar por qualquer coisa que o contrariasse. Do jeito que ele sempre agia como se fosse mais durão que todo mundo.

Agora Mac obviamente estava provando que Amy tinha razão.

Tudo bem. Ele estava zangado por eu ter parado de atender suas ligações e responder suas mensagens de texto. Por ignorá-lo quando ele tentou falar comigo na escola. Por ter mudado minha página no Facebook e ter dito a todo mundo que nós tínhamos terminado.

Zangado o suficiente para entrar escondido na minha casa e enfiar um rato morto na minha cama. Doente. Totalmente doente.

O quarto foi ficando embaçado. Foquei na escuridão do lado de fora da janela. Fixei o olhar, tentando desacelerar meus batimentos cardíacos.

Meus pais deviam ter ouvido meu grito porque entraram correndo no quarto. Minha mãe estava toda despenteada, como se o cabelo tivesse sido revirado por uma onda do mar. Os dois entraram piscando e murmurando. Mas arregalaram os olhos quando viram a criatura morta esticada de lado no lençol.

— Ohhh. — Minha mãe cobriu a boca e fez um som de ânsia de vômito.

Meu pai se aproximou da cama e olhou paralisado, como se nunca tivesse visto um rato.

— Como... como isso veio parar aqui? — Ele se virou para mim. — Você acha que a porta aberta...?

— A voz dele foi sumindo. Ele sabia que isso era loucura.

— Não sei — respondi. Eu não queria acusar o Mac. Não queria entrar naquele assunto.

Meus pais são pessoas boas, compreensivas. Mas, desde pequenininha, sempre preferi guardar as coisas para mim e lidar sozinha com elas. Mesmo quando era garotinha, eu não queria contar como tinha sido meu dia na escola. Acho que sou meio esquisita nesse sentido. E, claro, sempre tive a Beth como confidente. Sempre me senti mais à vontade contando as coisas a minha irmã.

Minha mãe virou para o lado, para não ter de olhar o rato. Ela é a sensível da família.

— Provavelmente veio do seu armário — ela comentou. — Venho lhe dizendo que isso está um ninho de rato.

— Isso é uma piada? — devolvi.

Ela sacudiu a cabeça.

— Não, estou falando sério. Essa montanha de roupa suja...

— Vou ligar pro dedetizador amanhã — meu pai avisou.

— Preciso sair daqui — minha mãe falou. Seu corpo todo estremeceu. Ela cruzou os braços sobre a camisola. — O cheiro... está me deixando enjoada. Rachel, você quer vir até a cozinha e tomar um chá, ou alguma coisa?

— Não — respondi, suspirando. — Só quero dormir. Estou tão cansada que dá vontade de chorar.

— Vou pegar umas luvas pra levar o rato pro lixo — disse meu pai. — Depois podemos trocar os lençóis. — Ele sacudiu a cabeça. — Ainda não entendo...

— Nem eu — comentei, baixinho.

Mas pensei: Mac, você não vai me assustar. Não vai conseguir destruir minha vida. Vou à festa de aniversário do Brendan Fear. Será a melhor festa de todos os tempos. Brendan me convidou e eu vou. Você já era, Mac. Só fico contente por ter descoberto o psicopata que você é. De verdade. Estou contente.

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