Capítulo 12 - Histórias de espíritos

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A música ainda estava na mesma batida quando voltei ao salão de festas. Avistei Eric dançando com April. Ele parecia um maluco, se sacudindo feito um robô descontrolado e ela estava ao lado, olhando para ele com a mão na boca, obviamente constrangida.

Eric, é claro, não consegue ficar constrangido.

April é tímida e quieta. Eric não faz nem um pouco o seu tipo. Fiquei me perguntando como ele tinha conseguido arrastá-la até a pista de dança. Ele provavelmente teve, sim, de arrastá-la.

Morgan e Kenny, primos de Brendan, estavam esparramados num canto, sozinhos, com seus moletons da escola Benson combinando e um copo de cerveja na mão. Eu me senti mal. Eles não conheciam ninguém ali e pareciam totalmente desconfortáveis. Morgan ficava conferindo o celular, depois o enfiava de volta no bolso.

Talvez Brendan não estivesse brincando quanto a eles. Talvez eles realmente fossem antissociais.

Procurei pelo Brendan. Estava desesperada para dizer a ele sobre os gritos de Randy pedindo socorro e os dois empregados que não tinham a menor intenção de ajudá-lo. Mas não tive chance. A música foi cortada bruscamente e Brendan estava na frente do salão, agitando os braços acima da cabeça para chamar a atenção de todos.

Levou um tempo para que todos se aquietassem. Alguém tinha derrubado um prato de macarrão com queijo no chão e um garçom se abaixou para limpar. Eric ainda estava fazendo seus movimentos malucos, embora a música já tivesse parado.

Até que era meio engraçado, mas ele não estava impressionando April. Ela já tinha saído de perto dele, sacudindo a cabeça e com os punhos fechados. Ele era tão sem noção que nem tinha notado.

— Quero começar — disse Brendan. — Sabe, dar a largada nas coisas.

Nós nos juntamos num grupo à sua frente. Só os primos ficaram para trás, murmurando entre eles, sem sorrir.

Brendan esfregou as mãos e abriu um sorriso de cientista maluco.

— Minha mente desencaminhada tem muitas ideias para esta noite. Planejei alguns jogos incríveis.

— Detenham-no! Ele é um Fear louco! — gritou Eric. — Todos nós vamos morrer!

Ri, assim como alguns outros.

Brendan revirou os olhos.

— Por que eu te aturo?

— Por que sou demais? — Eric respondeu.

— Não — retrucou Brendan. — Não é por isso.

— Por que você sente pena dele? — gritou Spider Webb.

— Sim — confirmou Brendan. — É isso aí. — Ele esperou que todos parassem de rir. Eric também riu. Eric é irritante, mas também tem algo de adorável. Sempre imaginei se seria possível ter uma conversa séria com ele. Eu nunca o vi sério, mesmo na escola. Principalmente na escola.

— Vamos começar com um jogo bem antigo — Brendan anunciou. — Mais tarde, vou contar sobre um game que estou desenvolvendo. Tenho trabalhado duro nele e acho que está bem legal.

Um garçom passou pela fila com uma bandeja de copos de cerveja. Brendan pegou um e bebeu metade.

— O primeiro jogo é antigo — disse ele, passando a língua nos lábios. — É tipo do século xix. Uma caçada a objetos perdidos.

Alguns resmungaram.

— Achei que fôssemos jogar Verdade ou Consequência — lamentou Eric.

— Sim, você deveria deixar o Eric jogar Verdade ou Consequência — Kerry gritou para Brendan. —

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