Capítulo 34 - Perdida e sozinha

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Gelei e prendi a respiração. Esperei por qualquer som, qualquer sinal dele. Um pássaro noturno chiou bem alto numa árvore atrás de mim. Parecia uma gargalhada; uma gargalhada humana.

Olhei ao redor, mas não tinha ninguém ali.

Um calafrio me percorreu. Cruzei os braços, tentando enxergar além dos troncos grossos das duas árvores à minha frente. Procurei afastar meu pânico para decidir para que lado seguir. Se ao menos tivesse continuado no caminho, eu poderia ter seguido para um lado ou para o outro. Talvez tivesse saído no cais e encontrado a canoa de Mac. Talvez pudesse ter remado de volta até Shadyside para procurar ajuda.

Mas as árvores altas me circundavam como se quisessem me manter presa numa cela. Eu não conseguia mais ver a lua no céu, então, não podia nem começar a imaginar para que direção eu estava voltada.

O canto estranho do pássaro soou novamente, me assustando. Um riso cantado bem acima de mim. Respirei fundo, tremendo, e comecei a caminhar.

Se eu conseguir continuar numa reta, vou sair na casa ou na água.

Não cheguei longe. Tropecei numa pedra e caí numa moita de vinhas espinhosas. Parecia que estavam se prendendo em torno do meu tornozelo, com os espinhos cravando minha pele. Tentei arrancá-los com cuidado, mas arranhavam minhas mãos.

Quando finalmente me soltei, me levantei com os dedos latejando de dor. Ouvi vozes adiante. Não conseguia ver ninguém, mesmo estreitando os olhos, mas pude ouvir um grito rouco e depois um grito agudo.

Os tiros me fizeram perder o fôlego e cair de joelhos. Senti a terra fria e molhada penetrar meu jeans. Os estalos agudos ecoaram pela floresta; primeiro, à minha frente, depois atrás, por entre as árvores.

Quando o som parou, fiquei de joelhos. Passei os braços em volta do corpo e esperei, com medo de respirar. Meu primeiro pensamento foi: Será que eles mataram o Brendan? E depois: Será que virão à minha caça? Será que realmente vou morrer nesta floresta? Perseguida e morta como um animal?

Eu me obriguei a ficar em silêncio, pois sabia que eles estavam por perto. Talvez somente a alguns metros de distância.

Eles mataram o Brendan. Eles mataram o Brendan.

Por favor... por favor, tomara que não seja verdade.

Escutei o ruído de passos à minha esquerda; o som de um galho se quebrando, sob um sapato.

Respirei fundo e prendi o ar, quase sufocando com a garganta apertada.

Foi quando ouvi uma voz de homem. E a reconheci: era a voz do atirador alto. — Pegamos o garoto — disse ele. — Agora, vamos pegar a garota.

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