Brendan apertava meu braço e olhava para todos os lados. Dava para ver que ele estava pensando.— Não estamos encurralados — ele sussurrou. — Corre.
Eu o segui até uma sala escura, algumas portas adiante no corredor. Vi uma meia-lua do lado de fora da janela, na parede dos fundos. O céu estava escuro. Um galho de árvore batia no vidro.
— Não estamos encurralados — repetiu Brendan. Ele segurou a moldura da janela com as duas mãos e empurrou pra cima, até o alto. — Olha. — Ele gesticulou pra mim.
Um galho grosso se estendia embaixo da janela, quase como um beiral.
— Costumávamos usar este galho pra descer até o térreo — explicou Brendan. — Só pra aterrorizar meus pais. — Ele ergueu uma das pernas e passou para o lado de fora da janela, sobre o galho. — Vem. É fácil.
Ele desceu no galho.
— Cuidado. A árvore está escorregadia por causa da chuva.
Lá fora, no corredor, ouvi a porta do elevador abrindo e os passos pesados dos homens. Vozes murmuradas.
Respirei fundo e coloquei o rifle do outro lado da janela, depois fui para o lado de fora.
— Opa! — meus sapatos deslizaram no galho escorregadio e liso. Eu me ajoelhei, depois enlacei o galho com as pernas. Inclinei-me à frente e deixei as mãos escorregarem pelo tronco liso, seguindo Brendan, deslizando.
O galho grosso envergou com o nosso peso. Ouvi um som de estalo. Gritei e minhas mãos escorregaram do galho molhado.
— Nãããããão!
Eu me desiquilibrei e acabei caindo. Minhas mãos tentavam agarrar alguma coisa e só achavam o ar enquanto agarrava o galho com as pernas.
Pendurada de cabeça para baixo, tentei erguer o corpo para pegar o galho e voltar para cima, mas não conseguia alcançar. Minhas pernas latejavam e eu sentia os músculos cedendo. Não sabia por quanto tempo mais eu iria aguentar.
— Brendan... — arfei.
Ele se esticou em minha direção e agarrou meus braços. Com um grunhido, ele me puxou de volta para cima. Ofegando, envolvi o galho da árvore com meus braços.
— Não dá tempo de descansar. — Brendran olhava acima, para a casa. — Segura firme e me segue.
O galho nos aguentou até chegarmos ao tronco. Eu ficava olhando para cima, esperando que os homens mascarados pusessem a cabeça para fora da janela. Mas nem sinal deles.
Pareceu levar horas até chegarmos ao tronco largo e liso. Ainda bem que ele fazia um ângulo inclinado, facilitando a descida. Passei os braços em volta e escorreguei com cuidado. Alguns segundos depois eu estava em pé na grama ao lado de Brendan, limpando as mãos nas laterais do meu jeans.
A meia-lua pálida ainda estava baixa no céu noturno. Nuvens cinzentas serpenteavam sobre ela, fazendo a luz oscilar.
— Fácil, hein? — Brendan sorriu. Ele apontou para a casa. — Eles devem estar vasculhando os quartos do terceiro andar, procurando a gente. Venha. Vamos nessa.
Peguei o rifle. Então, corremos lado a lado, atravessando o capim alto e molhado de chuva em direção às árvores. Só paramos quando estávamos bem escondidos na sombra profunda da floresta.
Brendan se inclinou, com as mãos nos joelhos, e se esforçou para desacelerar a respiração. O rifle estava comigo e a arma era bem mais pesada do que eu imaginava. Eu o empurrei para os braços de Brendan.
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J O G O S M A C A B R O S
HorrorA história se passa na velha cidade de Shadyside, nos EUA, conhecida por ser palco de acontecimentos misteriosos e aterrorizantes envolvendo os alunos da escola local. Todos na região conhecem a excêntrica e rica família Fear, e sabem também do pass...