Seus cabelos estavam despenteados pelo vento. Seus olhos estavam arregalados, intensos. Ele assentiu.— Estou vivo.
Ele foi até a beirada da água e eu estendi as mãos para que ele me puxasse do lago.
Minha roupa estava ensopada, a água escorria pelo meu rosto e eu não conseguia parar de tremer.
Mas eu o observava, incrédula.
— E-eu achei... — gaguejei.
— Achou que eu tivesse morrido? — Ele sacudiu a cabeça. — Não. Eu não fui atingido. — Ele tentou afastar o cabelo para trás, com as duas mãos.
— Eu... vi você cair.
— Não fui atingido. Eu fingi — explicou ele.
— Eu queria dar a você e ao Brendan uma chance de fugir. A bala pegou na parede, nem passou perto de mim.
Eu não sabia o que dizer. Ver Mac era como ver um espírito, era como ver Patti, Kerry e Eric vivos outra vez. Só que o Mac não estava num jogo. E o rifle que o cara alto tinha disparado era real.
Ele tirou a jaqueta de couro e colocou nos meus ombros trêmulos.
— Mac... Como você fugiu? Como me encontrou?
— Os dois saíram correndo — disse ele, com os olhos ainda fixos nos meus. — Foram atrás de você e do Brendan. Eu esperei até que eles tivessem ido embora, depois saí. Imaginei... — A voz dele foi sumindo.
— Você foi muito corajoso lá dentro — eu disse. — Partiu pra cima deles. Eu achei... Achei que você estivesse maluco. Mas...
Mac finalmente ergueu os olhos. Ele se virou e olhou para trás.
— Temos que nos apressar, Rachel. Me segue.
— Seguir você? Pra onde?
Ele apontou para a margem. Acima de nós, a lua tinha ressurgido. Os olhos de Mac cintilavam como prata sob a luz súbita.
— Vem — ele sussurrou. — Não há tempo. Eu tenho uma canoa, Rachel.
Ele saiu correndo pelo capim alto, seguindo a margem.
— Escondi do outro lado. Longe do cais. Vamos, depressa.
Hesitei. Será que devia segui-lo? E quanto ao Brendan?
Se eu voltasse à cidade, poderia chamar a polícia de Shadyside. Poderia resgatar Brendan e o pessoal do porão.
Mac gesticulava para mim, impaciente.
— Vem. Anda logo. Vamos. Vou tirar você desta ilha.
— Está bem. Obrigada. — As palavras saíram num sussurro trêmulo. Será que eu realmente estava saindo viva daquele pesadelo?
Inclinada contra o vento, segui Mac pelo mato. Nossas sombras eram longas sob o luar, como dedos estendidos à nossa frente. Percorremos o desenho da borda da ilha. Árvores finas perfilavam a margem, inclinadas, como se também tentassem fugir da ilha.
Outra curva acentuada e estávamos de volta à floresta. O luar prateado aparecia e sumia, fazendo tudo parecer irreal, fazendo as árvores desaparecerem e ressurgirem como mágica.
— Mac... aonde estamos indo?! — exclamei. — Eu levei tanto tempo pra sair da floresta, e agora...
— Minha canoa está depois da próxima curva, Rachel — ele respondeu, e esperou que eu o alcançasse. Depois, passou a mão em volta da minha cintura e me guiou pelo labirinto de árvores e vegetação.
Eu mal podia esperar. Queria ver aquela canoa. Queria ir para a água, atravessar o lago agitado e chegar a um lugar seguro.
— Por aqui — apontou ele, apertando o braço em volta de mim. Ele me guiou por cima de um tronco caído e por uma abertura estreita, em meio a uma vegetação cerrada.
— Mas nós estamos nos distanciando da água. Não estamos...
Parei quando vi os homens numa pequena clareira, depois dos arbustos. Os dois homens mascarados. E Brendan. Sim. Brendan estava com eles. Um dos atiradores segurava Brendan com os braços para trás. O outro estava em pé, esperando por mim e Mac, com o rifle ao lado.
— Bem-vinda de volta — disse ele.
Uma armadilha. Mac me levou para uma armadilha.
Eu me virei e o encarei, transbordando de raiva.
— Como você pôde? Por quê? Por quê, Mac? Por que fez isso comigo?
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J O G O S M A C A B R O S
HorrorA história se passa na velha cidade de Shadyside, nos EUA, conhecida por ser palco de acontecimentos misteriosos e aterrorizantes envolvendo os alunos da escola local. Todos na região conhecem a excêntrica e rica família Fear, e sabem também do pass...