Capítulo 39 - Traída

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Mac ainda estava com o braço em volta da minha cintura. Eu me virei, me afastando dele e encarando-o furiosa.

Ele deu um passo para trás.

— Desculpe — ele disse baixinho. — Eu tive que trazê-la até eles. Não tive escolha. Tive que trazer. — Teve? — gritei. — Por quê?

— É o meu pai, Rachel. Eu sabia que você o havia reconhecido. Eu não tive escolha. Não podia deixá-la fugir. — Seu pai?

É claro. Por isso o atirador de olhos azuis parecia tão familiar.

Em pânico, meu cérebro não estava funcionando. Claro que era o pai de Mac.

Dwight Garland.

Garland tirou a máscara de esqui e a jogou no chão. Sua cabeça raspada brilhava de suor. Seus duros olhos azuis se estreitaram para mim. Ele nunca tinha sido muito amistoso. Sempre achei que ele não gostava de mim, mas, agora, eu via mais do que raiva em seu rosto. Via uma dureza, uma expressão que era mais do que frieza.

— Obrigado, Mac — disse ele, numa voz inexpressiva. — Nós não podíamos deixar Rachel fugir... podíamos?

Desviei o olhar de Mac para seu pai.

Não é de admirar que Mac soubesse tanto sobre o que ia acontecer ali. Nem que ele tenha tentado me impedir de ir à festa. Ele sabia o que o pai tinha planejado.

— Eu realmente tentei impedi-lo — Mac me disse. — Realmente tentei pegar o rifle. Mas... depois que notei que você o havia reconhecido, eu precisava protegê-lo. Tive que trazer você de volta pra ele.

— Cala a boca, Mac! — Garland rosnou para o filho. — Só fica calado. Estou falando sério.

Mac estava enganado, eu não tinha reconhecido seu pai. Mas, agora, o que importava?

Ainda mascarado, o outro atirador continuava segurando Brendan, que estava de cabeça baixa e tinha os ombros caídos. Então, ele ergueu os olhos para mim. Mesmo à distância, eu podia ver o pavor em seu rosto.

— Estamos encrencados, Rachel — disse Brendan. — Estamos num grande problema.

— Cala a boca! — rugiu o homem mascarado. — O que vamos fazer com esses dois? Eles sabem quem você é. Temos que matá-los. Não está vendo? Não podemos deixar que...

— Ainda não resolvi — Garland interrompeu.

— Talvez possamos fazer com que pareça que tenham se matado — sugeriu o parceiro.

— Você não pode matá-los, pai — disse Mac. — De jeito nenhum. Já é ruim o bastante que você tenha sequestrado os dois. Mas você... você não é um assassino. Você não pode...

— Eu disse pra calar a boca! — vociferou Garland. — Eu nunca quis você envolvido nisso. Se ao menos tivesse me ouvido, uma vez na vida...

— Deixe a gente ir — pediu Brendan. — Deixe a gente ir e eu prometo... não falaremos com ninguém sobre isso. Vamos fingir que nunca aconteceu. De verdade. — Brendan estava ofegante. — E eu direi a meu pai pra te pagar. Vou te arranjar o dinheiro. Eu prometo.

Garland deu uma gargalhada.

— Você parece estar num filme ruim.

— Isso não tem graça — disse o parceiro. — Ainda podemos pegar o resgate, Dwight. Mas se não os matarmos, certamente seremos pegos.

Garland não respondeu; ele estava observando Mac. Mac estava com os punhos fechados nas laterais do corpo e ofegava. Seu peito subia e descia.

— Mac, eu quero que você vá pra casa agora — ele finalmente disse, e gesticulou com a cabeça. — Pegue sua canoa e dê o fora daqui. — Mas, pai...

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