Capítulo 42 - Corte

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Senti uma pontada de dor atrás da minha cabeça, um puxão forte. Tentei gritar, mas não saiu nada. Fazendo força para respirar, abri os olhos.

Sal tinha se virado para Garland e agora segurava a faca na mão direita. Na mão esquerda ele segurava o meu rabo de cavalo.

Meu rabo de cavalo. Meu rabo de cavalo. Eu não acredito. Ele cortou meu rabo de cavalo.

Ele jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada ruidosa. Depois atirou meu rabo de cavalo no meu colo.

— Vocês dois ainda se sentem tão corajosos?

Olhei meu cabelo e estremeci.

Aqueles homens eram malucos, os dois. Será que Brendan e eu sairíamos vivos dali?

— Você já fez sua piada, Sal — disse Garland. — Agora guarda a faca e me deixa pensar.

— Cansei de ver você pensar — Sal gritou para Garland. — Seus pensamentos não deram exatamente certo, cara. Talvez eu deva pensar daqui para a frente.

Ele deu dois passos em direção a Garland, segurando a faca diante de si.

Garland ergueu seu rifle.

— Pra trás, Sal. Estou falando sério.

Sal gesticulou com a faca e deu mais um passo em direção a Garland.

— Você ferrou tudo, cara. Você está acabado. E graças ao seu plano brilhante, eu vou cair com você. — Abaixa a faca, Sal. Pra trás. Não preciso de você. Vou pegar o dinheiro. Com ou sem você.

Sal se retesou.

— Temos que matar esses dois. Se quisermos escapar...

— Eu é que vou decidir o que fazer com eles. Não você. Não você, Sal. Pra trás. Vou contar até três. Sal manteve a faca erguida e não recuou.

Garland contou.

— Um... dois... — Ele estava com o rifle apontado para o peito de Sal.

— Pai... não!

De repente, Mac despertou do torpor. Ele pulou de sua cadeira e veio correndo até o pai.

Sal jogou a faca no chão para avançar e agarrar o rifle de Garland com as duas mãos. Garland girou o corpo, puxando com força, tentando arrancá-lo do parceiro.

Todos os meus músculos estavam tensos. Será que a arma ia disparar como antes? Será que alguém estava prestes a morrer?

— Pai! Para! Para! — Mac estava ali, impotente, vendo os dois homens brigando pela arma. Brendan e eu também não podíamos fazer nada com as mãos amarradas atrás da cadeira. Garland xingava e gritava enquanto Sal continuava a brigar pela arma.

— Eu vou te matar! Vou matar vocês todos! — Garland gritou.

Prendi a respiração quando a porta foi escancarada. Brendan e eu gritamos ao ver dois policiais de uniformes escuros correndo em nossa direção, de pistolas em punho.

— Larguem as armas! — um deles gritou. — Vocês estão presos!

Com um puxão forte, Garland arrancou o rifle das mãos de Sal. Ele o girou no ombro e apontou para os policiais.

— Largue a arma! — os dois policiais gritaram juntos.

Garland hesitou. Um bom tempo. Então, jogou o rifle no chão furiosamente, e a arma deslizou até os pés dos policiais. Garland ergueu as mãos devagar acima da cabeça. Sal ficou paralisado ao seu lado, com o rosto vermelho, boquiaberto de choque.

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