Capítulo 29 - O jogo muda

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Um dos homens mascarados era alto, de peito largo e olhar penetrante. Ele tinha olhos azuis brilhantes que cintilavam por baixo da máscara. Seu parceiro era mais baixo, ligeiramente rechonchudo, considerando que sua jaqueta de safári estava justa na cintura.

Os dois olhavam para nós pelos buracos da máscara. Estavam vestidos de forma idêntica, só que o homem alto estava de botas escuras de caça e o outro de tênis pretos.

Eles agitavam os rifles, se exibindo, mostrando que não devíamos tentar qualquer coisa contra eles. Nem tentarmos nenhum movimento rumo à porta.

Com a cabeça girando, eu me sentei numa poltrona ao lado de Spider.

— Isso mesmo. Fiquem calmos. Ninguém se mexe — disse o Olhos Azuis. Ele tinha uma voz áspera e rouca.

— É, acabou a festa — confirmou o gorducho.

Para minha surpresa, Brendan subitamente começou a caminhar em direção aos dois homens. E, enquanto caminhava, ele explodiu numa gargalhada.

Ele entrou no meio dos dois mascarados. Apertou a mão do Olhos Azuis, depois se virou e bateu o punho fechado no punho do outro intruso.

— Vocês estão atrasados, caras — ele avisou. — Eu quase me esqueci de vocês. Brendan se virou para nós.

— Esses caras são do jogo. Um susto final. Prometo que agora acabou.

Ele se virou para os mascarados.

— Tirem as máscaras. Agora a gente pode aproveitar a festa até que o barco volte.

Os homens não se mexeram. Eles se entreolharam. O alto mudou o rifle de uma mão para outra.

— Vamos, caras, tirem as máscaras. Deixem que todos vejam seus rostos — mandou Brendan.

Os dois continuaram parados, tensos. Novamente se entreolharam. Nenhum dos dois disse nada. Brendan estendeu a mão para a máscara do gordinho. O homem pegou Brendan pela frente da camisa e lhe deu um safanão que o fez cambalear para trás.

Os homens ergueram os rifles de caça, como que esperando pelo próximo movimento de Brendan.

— Ei! — Brendan gritou. Seus olhos passaram de um mascarado para o outro. — Espere. Quem são vocês? — Sua voz estava trêmula. — Não são os atores que contratei. Eu... Não conheço vocês. Quem são? O que estão fazendo aqui?

— Brendan, você acha que somos tão imbecis assim? — gritou Kenny.

— É. Você já nos enganou. Mas não vai fazer isso de novo.

— Pare com isso, Brendan — disse Geena, zangada. — Agora chega. Acabou o jogo.

Brendan mantinha os olhos nos mascarados.

— Eu... não estou brincando — ele gaguejou. — Quem são vocês? Isso não faz parte do jogo. Eu juro.

Os dois homens se remexeram, com os rifles posicionados nos braços.

— Você não vai mais nos assustar — insistiu Geena. — Então, pode parar, Brendan.

Ele ergueu a mão direita.

— Juro que isso não é um jogo. Eu realmente não sei quem são esses caras.

— Você é totalmente doente.

— Desista. Vamos pra casa.

— Vamos, chega de jogos.

O homem alto se movimentou rapidamente.

— Vocês acham que isso é um jogo? — ele perguntou.

Ele se virou depressa e bateu com o cabo do rifle no estômago de Brendan, com toda força.

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