Capítulo 32 - Uma má ideia

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Cobri meu rosto com as mãos e fiquei olhando Mac, imóvel, encolhido no chão. Brendan agarrou meu braço. Ele estava com a boca aberta, mas não fazia som algum.

Os dois mascarados se abaixaram ao lado de Mac. Debruçaram-se sobre ele, examinando e murmurando entre si.

Brendan apertou meu braço, gesticulando com a cabeça na direção da porta.

Eu estava tão em pânico que levei alguns segundos para entender o que ele queria dizer. Essa era nossa chance de fugir.

Os dois homens estavam juntos, sobre Mac.

Brendan e eu nos levantamos. Dei um salto à frente, agarrei o rifle do chão e saí correndo. Brendan já estava na metade do caminho da porta.

Meu coração estava disparado e minhas pernas estavam trêmulas e fracas, mas eu me forcei a correr rumo ao corredor pouco iluminado. Fui atrás de Brendan. Nossos sapatos martelavam o carpete gasto.

Dei uma olhada para trás quando viramos num corredor. Os atiradores ainda não estavam vindo atrás da gente, mas eu sabia que viriam.

Continuei pensando em Mac encolhido no chão, não conseguia tirar a imagem da cabeça.

Por que ele tinha feito algo tão louco? Por que achara que poderia impedi-los e fazê-los desistir? Eu não conseguia pensar numa resposta.

Meu cérebro girava enquanto Brendan e eu disparávamos.

— Brendan, espera. — Segurei seu ombro. Meu corpo inteiro estava tremendo, eu estava tomada de pânico. — Se corrermos pra dentro da floresta, eles vão nos encontrar. Vão ficar procurando até nos achar. Onde podemos nos esconder? Onde?

— No elevador — disse Brendan, gesticulando com a cabeça. — É por ali. Eles vão achar que vamos correr lá pra fora. Em vez disso, vamos nos esconder lá em cima e esperar que chegue ajuda.

Será que era má ideia? Será que estávamos cometendo um grande erro?

O pânico não me deixava pensar direito. Nossos pés martelavam o chão conforme corríamos pelo corredor comprido e mal iluminado. A todo momento eu olhava para trás. Nem sinal dos mascarados. Ainda.

Brendan apertou o botão na parede, o elevador se abriu vagarosamente e nós entramos. Escutei um grito, no fim do corredor. Um grito de homem.

Será que eles tinham nos visto?

O elevador se deslocava bem devagar, rangendo à medida que subia.

Mais depressa. Por favor, vá mais depressa, eu pedia, com os punhos fechados.

O pequeno elevador balançou, deu um tranco forte e fez com que Brendan e eu trombássemos um no outro. Por um segundo, achei que ele tivesse parado. Mas ele continuou sua subida vagarosa e barulhenta. Brendan e eu não falávamos. A porta se abriu no terceiro andar, e eu o segui pelo corredor comprido.

— Muitos quartos pra se esconder — Brendan sussurrou. Ele pousou a mão nas minhas costas, para me guiar. — Aquele quarto cheio de caixas de papelão. Eles não verão a gente ali.

— Espera. — Virei de volta para o elevador, que já estava descendo para o primeiro andar. — Se eles nos viram...

Brendan manteve a mão nas minhas costas. Nós dois ficamos observando a porta do elevador, atentos a qualquer som.

Ali em cima, o ar estava quente e seco, e, subitamente, me senti sufocada.

Ouvimos o ruído da descida do elevador.

Será que os homens armados estavam lá embaixo? Esperando o elevador? Esperando para subir e nos pegar?

Fechei os olhos. Por favor... por favor... faça com que eles saiam da casa. Deixe que pensem que nós corremos pra nos esconder na floresta.

Ouvi uma batida forte quando o elevador chegou ao primeiro andar. Brendan e eu nos aproximamos.

Prendendo a respiração, pressionei o ouvido na porta do elevador e fiquei ouvindo atentamente.

Lá embaixo, havia o barulho da porta abrindo. Olhei para Brendan, que estava paralisado, com o maxilar contraído e os braços tensos.

Prendemos a respiração e aguardamos.

Ouvi a porta do elevador fechando.

Silêncio.

Silêncio.

Então, reconhecemos o barulho do motor começando a subir.

— Está... está subindo — gaguejei. — Eles nos viram. Estão vindo. Estamos encurralados.

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