Capítulo 17 - Tem um assassino na casa?

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Kerry Reacher veio correndo e irrompeu no quarto. Suas pernas compridas pareceram desmontar quando viu Patti no chão, e ele despencou pesadamente ao lado dela.

— O que está acontecendo? O que é isso? — Os olhos de Kerry estavam em Brendan. Ele não esperou resposta. Destorceu os braços de Patti. Depois a ergueu com cuidado e pressionou o rosto dela junto ao peito.

— Não... — Brendan gritou. — Não toque nela. Nós temos que deixá-la assim pra polícia.

Kerry ignorou-o. Acho que ele nem ouviu Brendan.

— Ela não está morta! — Kerry gritou, segurando o corpo de Patti. — Ela não pode estar morta. Atrás dele, Geena e Delia se abraçavam. As duas estavam chorando. Os primos de Brendan estavam mais atrás, junto à porta, com as mãos enfiadas nos bolsos e sem dizer nada, muito pálidos e tensos. Kerry segurava Patti; a cabeça dela estava caída para trás, por cima do braço dele. Seus olhos continuavam fechados.

— Quem fez isso? — Kerry gritou. — Quem matou a Patti? — Ele sacudia o corpo dela pelos ombros. — Patti... quem fez isso? Quem? Eu vou matá-lo! Eu juro que vou matá-lo. — Ele a sacudia, gritando a plenos pulmões.

Brendan gesticulou, me chamando.

— Você pode ajudar o Kerry? — ele sussurrou. — Talvez, levá-lo lá para baixo? Ele está totalmente fora de si. Nós temos que deixar tudo como encontramos. Quando a polícia vier... — a voz dele foi sumindo.

— E... eu vou tentar — gaguejei.

— Vou levar todos lá para baixo — Brendan sussurrou. — Temos que resolver o que fazer.

— Por que ela estava retorcida daquele jeito? — Kerry quis saber, com os olhos fixos em Brendan.

— Quem torceu as pernas dela daquele jeito?

Brendan se abaixou ao lado de Kerry.

— Eu lamento muito — ele disse baixinho. — Vou fazer tudo que puder, Kerry. Tudo...

— Eu devia saber que não era uma boa me envolver com alguém chamado Fear. Tem um assassino nesta casa — declarou Kerry. — Um assassino.

Brendan gentilmente ergueu o corpo de Patti dos braços de Kerry. Ele a pousou no chão. Depois ajudou Kerry a se levantar.

— Vai com a Rachel — disse ele. — Kerry? Você está me ouvindo?

Os olhos de Kerry encaravam a parede azul, inexpressivos. Ele não respondeu.

— Kerry, vai com a Rachel — Brendan repetiu. — Nós vamos encontrá-lo lá embaixo.

Passei um braço em volta da cintura de Kerry e comecei a levá-lo até a porta. Achei que ele fosse recuar, relutar ou exigir ficar no quarto com Patti, mas, para minha surpresa, ele se deixou guiar. Passamos pelos outros e seguimos pelo corredor.

Continuei abraçada a ele e fomos até a escada no fim do corredor. Kerry murmurava coisas com os olhos vidrados, distantes, como se ele fosse outra pessoa vendo algo que eu não conseguia ver.

— A família Fear — ele murmurou, virando-se para mim. — Tem uma maldição. Uma maldição na família inteira, até no Brendan.

— Cuidado com os degraus — alertei. Eu o agarrei quando ele estava prestes a tropeçar.

— Tem uma maldição nesta casa também — disse Kerry. — Você sabe da história, Rachel. Tem que saber. Como a família Fear teve uma festa de caça aqui na ilha. Tipo há cem anos. Eles fizeram essa festa e caçaram todos os empregados. Você sabe da história, não sabe?

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