Capítulo 16 - Outro bilhete

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Enquanto corríamos, dei uma olhada para trás, na escuridão, para ver se os morcegos estavam nos seguindo. Estava escuro demais, então não conseguia enxergá-los.

Brendan virou num corredor à minha frente. Eu o segui, entrando em outro corredor comprido. Os gritos foram ficando mais altos. E, conforme nos aproximávamos, vi algumas pessoas reunidas na entrada de um cômodo. Todas elas olhavam para a luz clara de um quarto perto do fim do corredor.

— O que há de errado? O que aconteceu? — Brendan gritou, sem fôlego.

Ele não esperou a resposta. Foi abrindo caminho por entre a aglomeração do lado de fora da porta e eu o segui. Irrompemos num quarto decorado com papel de parede azul onde havia duas camas de solteiro junto a uma parede.

Perdi o ar e o equilíbrio quando vi a menina no meio do chão.

Levei alguns segundos para reconhecê-la. Patti Berger.

Ah, não. Ah, não. Por favor... não.

Patti estava no chão. Encolhida. De olhos fechados. Os braços e pernas retorcidos, como se ela fosse uma boneca de pano.

Respirei fundo. Meu estômago revirava de enjoo. Me esforcei para não vomitar.

Brendan estava falando baixinho, com o rosto vermelho. Sua mão tremia quando ele ergueu um pedaço de papel. Outro bilhete. Ele leu alto, com a voz falha:

— Alguém quer jogar Twister?

Soltei um berro. Meu corpo inteiro estremeceu e cambaleei para trás, de encontro com o resto do pessoal, estarrecido.

— Não — Brendan murmurou. — Isso não pode estar acontecendo.

Ele abaixou ao lado de Patti e estendeu a mão sobre seu rosto. Tocou seu pescoço. Colocou os dedos sob seu nariz para ver se ela estava respirando.

— Não. Ah, não.

Fiquei boquiaberta, em silêncio, junto com os outros. Estávamos em pé, bem próximos uns dos outros.

Brendan levou a cabeça até o peito de Patti para ouvir seu coração. Com um grito, ele agarrou-a pelos ombros. E a sacudiu. Ele a sacudiu com força. Depois depositou o corpo cuidadosamente no chão. Tentou respiração boca a boca. Uma... duas... três vezes...

Por fim, ele se virou de costas para Patti e ergueu os olhos para nós.

— Isso não é piada. — Sua voz era um sussurro rouco. — Ela está morta.

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