Capítulo 9 - S.O.S

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Há muito tempo atrás eu li um mistério. Não era um livro muito grande, mas a sua estória era envolvedora, e ao fim de tudo, eu percebi que são os mínimos detalhes que fazem uma história. O assassino era quem eu menos esperava, e a autora deixou várias pistas comumente por todos os capítulos que deixavam claro quem era que estava por trás de tudo. Se pelo menos dois dos meus amigos tivessem lido esse mistério, mortes no final de tudo o que ocorre naquele fim de ensino médio teriam sido evitadas.

          O que aconteceu depois de Marjorie ver Antonello me entupindo de remédios foi cômico. Primeiro, eu queria muito estar acordado para aplaudir a atuação digna de filmes hollywoodianos do diretor, e dar apoio à pobre Marjorie que não sabia o que fazer de tão desorientada. Segundo, que até hoje admiro a sorte do médico que me atendeu naquele momento de fraqueza, pois poucos dias depois de eu acordar, ele conseguiu uma bolsa de estudos para a Europa, o que tirou a minha oportunidade de esfregar na cara dele que eu poderia ter morrido com a presença do Antonello enquanto ele não percebia o risco que eu estava passando. O mais importante disso tudo foi o que Marjorie fez depois de saber da sabotagem.

          De volta para a Mansão, Margot encontrou Jade aos prantos no meu banheiro. Era enjoo matinal, mas ambas não sabiam. "Comida de hospital, sabe? ", disse Jade. Entretanto, não foi só o nojento vômito dela que Margot encontrou no fim daquela manhã, foram os destroços do vaso de vidro que o Antonello usou na noite anterior para me golpear. O problema é que ela achou no quarto de Mariany, o que fez ela e Jade criar uma nova teoria para o Senhor Vermelho...

          A manhã poderia estar buliçosa para Marjorie, Margot e Jade (e David e Alexandre, mas não vamos entrar em detalhes), mas com certeza estava mais do que isso para Morgana. O despertador tocou, mas ela já estava acordada bem antes disso. Naquele dia ela estava disposta a descobrir mais do que a equipe de Luke, e por isso, ela refez todo o caminho que Stephany supostamente teria percorrido no dia em que foi sequestrada. Era apenas de uma esquina para outra que sua filha andava sozinha, mas mesmo assim ela correu perigo a ponto de ser sequestrada. E foi quase chegando perto do ponto de ônibus onde Stephany sempre ficava que Morgana viu Laerte num bar, do outro lado da rua, bebendo cerveja e morrendo de rir com alguns caras.

          No andar de cima da Mansão, Margot e Jade estavam teorizando sobre Mariany, que estava naquele mesmo momento entrando de carro com seu filho. Desesperadas e sem as folhas do Senhor Vermelho, elas conseguiram sair sem que ninguém percebesse, mas de qualquer forma teriam de voltar novamente.

          Margot voltava para o hospital com seu carro, enquanto Jade, no banco do passageiro, sentia a brisa fria de Vancouver com a palma de suas mãos e dizia que não sabia mais em que pensar, mas que com certeza Antonello estava envolvido com a situação. A primeira pessoa que elas viram quando chegaram no hospital foi Marjorie, e apesar de a Margot ter passado os últimos meses sendo legal com ela, a sua reação não foi muito boa:

- Amiga! – Gritou a Marjorie quando viu Margot entrar pela porta.

Margot só recebeu o abraço quente dela, enquanto fazia caras e bocas para Jade, que já estava caminhando para a sala.

- Por que ninguém me mandou mensagem? Ou me ligou?

- Por que ligaríamos, Marjorie? Desde quando você começou a se importar tanto com o Raul?

- Ué amiga, ele é seu namorado, eu me import...

- Isso mesmo, meu namorado! Agora volte pra sua casa, da onde você nem deveria ter saído!

- Que isso Margot! Por que está me tratando assim, o que eu fiz?

          Não era novidade para Margot que eu traia ela com Marjorie. Mas a encenação dela foi o que mais chocou a ruiva, pois, de certo modo, ela nunca tinha mentido na cara dela, ela apenas não contava a verdade... mas mentir, tão diretamente assim, nunca. E por isso, Margot não soube como reagir, e só deu as costas para ela, que não se deu por convencida.

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