capítulo 8 - fotografia (não) espiritual

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Por mais que Bennet já tenha morrido, Lohany não aceita o fato e - desesperada - pede o celular de Cordelia emprestado para pedir socorro.

Dentro do prédio, Raul está tomando água no bebedouro, quando vê Margot no final do corredor.

Raul corre até ela, que está apreensiva. Ela está se vestindo como sempre: vestido curto branco com um casaco vermelho, cabelos ruivos - e agora mais longos - soltos, bota de cano alto branca e uma pequena bolsa preto de canto. Seus braços estão esticados e suas mãos fechadas como se nunca fossem mais abrir.

Raul para em sua frente e os dois começam a se observar. Ele toca em sua mão direita, ela a abre e entrelaça seus dedos nos dedos dele. Os dois soltam e se abraçam fortemente.

- Eu pensei que você estava morto. - ela diz.

- Mas eu estou. - ele responde.

Fora do prédio, a chuva para. Rafael pergunta aos detetives se eles também perceberam a mensagem no carro que atropelou Bennet. Eles fazem que sim com a cabeça.

Gabriel saí de dentro do prédio e logo percebe a corrupção, de certa forma, dos detetives.

- Como vocês não estão mexendo um músculo para ajudá-lo? - pergunta ele.

- Meritíssimo, - diz Rafael - ele já está morto.

Gabriel analisa a situação, - Bennet caído nos braços de Lohany em uma poça de sangue - deixa sua bolsa com Clara e caminha até o corpo para checar seus batimentos cardíacos.

- Ele se foi, Lohany. - diz Gabriel.

- Não, - diz ela gritando e chorando - ele ainda pode viver. Se a ambulância chegar à tempo, ele pode ser ajudado... Ele po...

- Não Lohany, ele não pode ser ajudado. - diz Gabriel.

Lohany olha em seus olhos e grita com o juiz:

- Ele acabou de ser liberto! Não acaba assim! Isso não pode acontecer! Não me diga o que fazer.

Os detetives olham assustados por Lohany estar alterando a voz com um juiz, e espera a resposta dele.

Dentro do prédio, Margot solta Raul e olha para ele assustada.

- O que você quer dizer com isso? - ela pergunta.

- Eu estou morto por dentro, Margot. - Raul responde - Quando fui para Califórnia, tudo parecia estar acontecendo perfeitamente, mas quando voltei... Percebi que não estava.

- O que você quer dizer com isso? - Margot pergunta para Raul, segurando sua mão.

- Eu não sei em que eu estava pensando quando aceitei por esse plano em prática.

Eu pensei só no meu presente, não pensei no futuro e nas consequências. Como vou voltar para a escola agora? Eu perdi praticamente um ano, e...

- Raul, - diz Margot - vai ficar tudo bem. Você pode voltar para a escola e nos acompanhar, nada está perdido.

Você era um bom aluno, eles vão entender. O importante é que você voltou, está bem e fora de perigo.

- Mas e com quem e onde eu vou morar agora? - questiona Raul virando seu olhar.

- Cordelia! - responde Margot - E óbvio que na sua mansão. Ela é toda sua, isso não é um problema.

- Eu não quero mais voltar naquele lugar. Não mesmo. Não tenho boas memórias.

- Eu posso te ajudar com isso, Raul, as coisas não precisam ser rápidas. Além do mais, você tem dinheiro para construir quantas mansões você quiser.

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