capítulo 9 - cabeça acima da água

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20 DE JUNHO

Na humilde casa de Cordelia inúmeras viaturas param em frente, ainda com as sirenes ligadas. É mais ou menos seis e meia da tarde. O crepúsculo e as luzes das sirenes formam uma visão trágica. Ao ser avisada por um de seus amigos policiais que Raul foi supostamente sequestrado, Cordelia têm uma parada cardíaca.

- Onde estou?

- Que bom, Cordelia, eu estava morrendo de preocupação. - diz Evans.

- Pena. - diz Clara para Rafael.

- Onde eu estou? Cadê o Raul? - pergunta Cordelia na maca, nem um pouco calma.

- Relaxe, irei chamar a médica. - diz Evans.

- Tire eles daqui. Agora. - grita Cordelia apontando para Rafael e Clara.

Evans tenta acalmar a situação pedindo com educação para que os dois detetives se retirem do local. A médica explica para Cordelia o que aconteceu, e a cobra sobre sua hipertensão, até então nunca discutida.

Chegando na delegacia, Clara e Rafael conversam sobre o plano deles.

- Eu não estou mais aguentando aquela vaca. - grita Clara.

- Fale baixo, caramba! Há outras pessoas aqui. Se eles descobrirem que estamos armando para a "melhor detetive" deles, quem será expulso daqui seremos nós. - acalma Rafael.

º

Margot passou a tarde toda chorando e se culpando pelo desaparecimento de Raul. Ela o procurou em todo o parque abandonado e depois de horas hesitando, chamou ajuda.

Encolhida, em seu fone de ouvido Lovely toca enquanto lágrimas escorrem de seus olhos.

O Sr. Watterson atende a porta. É Alexandre.

º

Uma brisa gelada e calma acorda Raul. Seus olhos mal são abertos e ele já consegue ver a beleza do local onde está. Com toda a certeza aquele lugar é o mais bonito de todos. Pela primeira vez em sua vida ele sente calma. Nem mesmo no conforto de seu quarto ele conseguia sentir.

É como se ele não sentisse nada e sentisse tudo ao mesmo tempo. Todas as energias boas estão centradas em um só espaço. O tamanho da beleza dali é tanta que ele não pode explicar. É como se todas as suas idealizações de paraíso se juntassem e formassem aquele ambiente.

Tons azuis claros e um cheiro do melhor perfume natural que Raul já sentiu na vida. Logo de cara ele pensa estar no céu.

Andando descalço pelo mais macio e agradável chão que ele já pisou, de longe, o garoto pensa ver seu avô, Louis. Andando mais depressa, ele concluí que é mesmo seu avô.

º

Alexandre bate três vezes na porta do quarto de Margot, que está entreaberta.

Deitada na cama, ela apenas se vira para trás.

- Você quer conversar, amor? - pergunta Alexandre.

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