Capítulo 8 - As Vantagens de ter Amor Próprio

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É engraçado quando me lembro de tudo. Como as pessoas reagiram e como lidaram com as consequências do que veio depois. Mas de fato, eu não reagi da minha melhor forma. Aliás, quando fiz isso? Eu sempre me impus, mas espontaneamente, o que torna tudo isso uma piada. O que me intriga é que a verdade estava debaixo do nosso nariz o tempo todo, mas nunca percebemos isso e sempre optamos por seguir o caminho mais difícil.

Na noite da Santa Ceia, eu confrontei Antonello, mas descobri que ele não era o verdadeiro Senhor Vermelho. Após isso, deixei a Mansão para ir de encontro com meus amigos e ele ficou à espera de Mariany e Renan, para tratar sobre a matrícula do meu querido primo na Bodwell. Ao sair com meu carro, fui atingido por um louco acidentalmente e fiquei de coma induzido por quase uma semana. Isso foi o que Antonello disse à Margot e Alexandre, quando chegaram no hospital, na mesma noite de uma das jantas que eu nunca me esquecerei.

O problema é que eu estava muito empenhado em descobrir quem era a pessoa que estava por trás de todas as ameaças e loucuras que andava acontecendo comigo e meus amigos, e acabei me esquecendo dos outros assuntos pendentes que me rodeavam, como por exemplo o desaparecimento misterioso da minha tia Cordelia e os outros detetives, o desaparecimento de Stephany, irmã de uma colega da Bodwell e o mais importante: o mergulho de ponta para a depressão de Marjorie Harvey, uma garota que me encantei, a ponto de obedecer à comandos do Senhor Vermelho.

Hoje, eu e todos os outros que estavam vivendo àquelas experiências insanas sabemos da verdade. Bom, pelo menos todos que estão vivos.

O fato é que, o que me inspirou voltar a escrever essas cartas, foi algo semelhante ao que vivi há dois anos: a vontade de tirar o bem mais precioso que temos que é a vida. É claro que todo ser humano que vive na terra tem ou já teve pensamentos deprimentes, mas nem sempre todo ser humano que vive na terra consegue sair deles. Marjorie, Morgana, Alexandre e vários outros não possuem apoio suficiente para conseguir sair do fundo do poço. O meu suicídio só não foi concluído por que tive outra vontade maior do que a de tirar a vida: ver as pessoas que compactuaram para a minha queda cair também. Eu sei que a vingança não é sadia e perspicaz, mas foi ela o apoio que tive para não cometer o pior erro da minha vida. O problema é que nem todos possuem isso: o auto apoio... muito menos o apoio dos outros.

Eu teria me preocupado mais com o fato de estar sem minha família, se soubesse que dias antes do baile de natal, Cordelia tentara escalar um precipício perigosíssimo e quando conseguira chegar ao topo, uma pessoa de má coração pisara em uma de suas mãos. Ou o fato de Morgana ter ouvido Stephany, sua filha desaparecida gritar "mamãe" várias vezes na noite do meu suposto acidente. Naquela noite ela ligou para as pessoas que no momento era as que ela mais confiava, mas que futuramente descobriu que eram as menos confiáveis. Alejandro e Keyla correram para a casa dela, para dar suporte, pelo simples motivo de que uma pessoa havia colocado uma boneca aparentemente igual à Stephany na casa desocupada do casal semanas antes das tais alucinações da mãe desamparada.

Keyla não confiava nem um pouco no detetive responsável pelo caso, Adams, se bem que até eu não confiaria, se soubesse que ele saía com meninas da minha idade, vulgo Jade. O que Alejandro fez ouvindo Keyla dizer para Morgana não confiar no detetive? Simplesmente não se posicionou, pois pensava ele que naquela altura, Keyla não sabia da tração e que qualquer conflito de ideias faria com que ela desconfiasse de algo. A indicação de Keyla fez com que Morgana pesquisasse sobre Luke mais tarde, e descobrisse coisas pouco hostis.

Enquanto eu já estava entubado no hospital, com Antonello segurando minha mão esquerdo clamando pela minha vida para o médico, Margot estava deitada em sua cama com David e Alison. Eles estavam planejando pegar os papéis do Senhor Vermelho, que estavam comigo:

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