capítulo 2- fogo, fogo, fogo

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2 DE ABRIL DE 2019

          Pablo, que está andando pelas calçadas iluminadas pelas luzes dos postes de Vancouver, vê o carro de Clara pegando fogo e um homem o observando através de uma árvore do outro lado da rua. Ele escuta os gritos de Clara e ao perceber que ela está presa dentro do carro, corre até lá tentando ligar para os bombeiros com seu celular.

Ele tenta abrir todas as portas do carro, mas elas estão trancadas. Ele olha novamente para a árvore onde o homem estava para tentar pedir ajuda, mas ele não está mais lá. Ao virar-se novamente para o carro, o homem aparece em sua frente e lhe bate com um pedaço de madeira, o que faz com que Pablo caia desacordado. O homem o pega e corre para longe com seu corpo.

Clara tenta quebrar a janela do carro com as mãos. Sem sucesso, ela bate com mais força, trincando o vidro e ferindo-as. O vidro do carro está com sangue. Com a fumaça e o fogo, ela não consegue ver algo para tentar quebrar o vidro, e quando está quase recuando, vê uma garrafa de ferro no porta-garrafas da porta de seu carro. Quase sem forças, ela bate várias vezes no vidro e finalmente consegue quebrá-lo.

Hettel ouve os gritos dela e assustado tenta ver pela janela o que está acontecendo. Ele vê o carro pegando fogo e sai rapidamente para fora. Clara está com metade de seu corpo para fora do carro, enquanto as chamas aumentam e queimam suas pernas. Hettel a segura pelos ombros puxando-a para fora. Ele a pega no colo e corre com ela para sua casa. O carro explode.

3 DE ABRIL DE 2019

Logo pela manhã, Cordelia, Evans e Rafael chegam ao hospital, onde Clara está. Ela está acamada, com as pernas enfaixadas.

- Então você está bem aí. - diz Rafael.

- É o que parece. - ri Clara.

- Você está em todos os jornais da TV. - diz Evans.

- Sério? - pergunta Clara. - Que bom que eu não apareci como "A garota que morreu num carro pegando fogo."

- Eu não consigo imaginar como eu conseguiria escapar disso. - diz Cordelia.

Clara, neste momento, se recorda do homem que tentou ajudá-la, mas foi raptado.

- Meu Deus, como eu pude esquecer!?

- O que, Clara? - pergunta Rafael.

- Antes de eu conseguir sair do carro, um homem tentou me ajudar.

- E então? - pergunta Evans.

- Um outro homem o raptou, possivelmente o mesmo que tentou me matar. Nós precisamos achá-lo!!!

- Se acalme, Clara, você só precisa repousar - diz Rafael - deixe que eu corra atrás disso.

Rafael saí do quarto.

- Espere... - diz Cordelia - Você quer dizer que isso não foi um acidente?

- Até agora eu não tinha parado para pensar, mas sim. - responde Clara. E certamente tem a ver com o que eu descobri ontem.

- Que foi...? - pergunta Evans.

- O caso do Raul Murphy e da Bárbara Cyrus... - diz Clara - Ambos não são distintos, eles possuem uma grande ligação, e há apenas uma pessoa por trás dos dois.

- Meu Deus. - diz Cordelia.

- O que? - pergunta Evans.

- Pelo o que eu pude conversar com algumas pessoas, eu acabei chegando na conclusão de que são muitas coincidências para casos distintos. A maior coincidência é o parentesco com você, Cordelia. Tanto Raul quanto Bárbara eram seus parentes. A segunda e não menos importante é a vestimenta. Conversando com um dos vizinhos de Barbara, que segundo ele, estava pintando a cerca de sua casa na noite antes da morte dela, ele alega ter visto um homem com roupas pretas e um capuz vermelho entrar na casa dela.

- Mesmas cores da pessoa que vimos entrar na mansão dos Murphy. - diz Evans.

- Exatamente.

- Mas Clara, - diz Cordelia - já sabemos que Raul planejou sua morte, você quer dizer que é ele quem está por trás disso?

- Você se engana nessa parte Cordelia. Há uma pessoa que está mandando ele dizer isso e todas as outras coisas. Um adolescente jamais pensaria nisso tudo sozinho, por mais que ele ter ajuda do Hettel e da Alison, conversando com ambos eu pude perceber que eles não possuem inteligência para criar tudo isso.

- Então, o Hettel não é suspeito? - pergunta Evans.

- Não. - responde Clara - Mas isso não quer dizer que ele não esteja sendo parte do plano.

- O que isso quer dizer? - questiona Evans.

- Que esse indivíduo que está comando tudo, pode estar usando Hettel para ajudá-lo em seus planos. - responde Clara.

NA DELEGACIA

Raul começa a imaginar seu mundo se ele não tivesse planejado sua morte, a apenas contado a polícia que seus pais iriam matá-lo. Ele lembra de Margot.

- Guardas? - chama ele.

- Pois não? - responde um.

- Quando eu vou poder conversar com alguém? - pergunta Raul.

- As únicas pessoas que você poderia conversar agora, seria seus pais. Mas acho que você não irá querer isso, não é?

Raul permanece em silêncio.

NO HOSPITAL

Rafael conseguiu falar com Hettel, que disse que em sua casa havia câmeras. Ao vê-las, Rafael consegue ver o homem que colocou a gasolina no carro de Clara, mas não consegue ver seu rosto, pois ele estava com um capuz vermelho. Depois, ele vê Pablo tentando ajudá-la, e o homem raptando-o.

- Clara! - diz Rafael entrando em seu quarto no hospital. - Consegui informações.

- Que ótimo! - diz Cordelia.

- O homem que tentou te ajudar é Pablo Fantinni, professor de história da Bodwell. - diz Rafael - Todas as unidades já estão a procura dele e do homem que tentou te executar.

Clara relaxa.

NA ESCOLA

Margot e Alexandre estão estudando na biblioteca, quando um alerta ecoa toda a escola.

- O que é isso? - grita Margot.

- Espero não ser um massacre. - diz Alex.

Os sinos e alarmes tocam, a escola está sendo incendiada.
Alison corre para dentro da biblioteca e tranca a porta.

- Gente, sem pânico, - grita ela - a escola inteira está pegando fogo e aqui parece o único lugar seguro.
A biblioteca está com cerca de cinquenta alunos.
A bibliotecária tenta ajudar Alison que está com o corpo queimado.
Uma fumaça cinza começa a entrar na biblioteca pelas frestas das portas.

- Nós vamos morrer aqui! - grita Margot.

AUTOR
FELIPE ORTIZ

CAPÍTULO 22
FOGO, FOGO, FOGO

SuicideOnde histórias criam vida. Descubra agora