22. Preenchendo A Solidão

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Camila Cabello's point of view

- Eu pago.- ela diz retirando o cartão de crédito da bolsa, mas eu nego.

- Não, não, não é preciso.- a garçonete já havia feito novamente o meu pedido, até porque toda a minha comida foi jogada ao chão e as embalagens abriram, nada pôde ser salvo.

- Claro que é preciso.- Lauren entrega o cartão para o moço no balcão.- Eu que estava desatenta e nem percebi você cheia de sacolas passando.

Soltei uma risada achando engraçado o jeito que ela falou, ela logo paga a minha comida e faz o pedido dela, também para viagem, um prato único, foi nesse instante que eu falei algo sem pensar e depois senti meu rosto queimar de vergonha.

- Você quer jantar em casa?- minha voz saiu trêmula e de uma vez, como se a frase toda fosse uma única palavra, por um instante eu me senti aliviada pensando que ela não tinha entendido, mas quando ela respondeu eu quis me enfiar em um buraco no chão e nunca mais sair.

- Hum, claro.- respondeu assim, sem mais nem menos, sem hesitar e abriu um sorriso fraco em seguida.

Tudo bem, talvez meu cérebro elaborou essa frase porque eu lembrei do que ela disse para mim, de se sentir sozinha e ver ela pedindo comida para si mesma, ainda para levar, eu não sei, acho que me senti mal de ver ela assim.

Ela pagou sua parte e indicou a mesa mais próxima com o olhar para nós esperarmos. Eu me sentei primeiro e ela se sentou de frente para mim. Ficamos em silêncio esperando a comida, até eu cortar com uma pergunta.

- Você veio de carro?

- Sim, meu motorista me trouxe.- ela responde e depois suspira.- Eu precisava de um ar.

- Olha, se não quiser ir para casa não tem problema, eu só ofereci porque eu pedi sobremesa a mais e você estava sozinha, eu…

Lauren ergueu a mão e sorriu, depositando seus olhos claros nos meus.

- Está tudo bem. Vai ser bom sair de casa um pouco.

- Problemas no paraíso?- perguntei e me arrependi em seguida querendo bater na minha própria cara.

- Quase isso, só me sinto muito cansada e irritada.- ela respira fundo e deposita a bolsa que até então estava em seu colo, emcima da mesa.

- Muito trabalho?

- Muito.- eu entendia perfeitamente.

- É realmente difícil sabe, tem vezes que eu sinto vontade de mandar tudo se foder, pegar um barco e ir para a ilha deserta mais longe daqui.

Lauren riu alto tapando a boca em seguida, eu ri da sua expressão de vergonha.

- Olha, eu sinto o mesmo.- respondeu de maneira honesta e brincalhona com um brilho no olhar.

- Não estranhe se eu um dia sumir, provavelmente estarei no outro lado do planeta.

- Se você for, por favor me chame.

- Combinado.- digo e ela solta uma piscadela.

- Aqui está.- a garçonete volta entregando dessa vez quatro sacolas, eu pego todas já me levantando, Lauren tenta pegar uma, mas eu nego.

- Está leve, eu levo.- Lauren agradeceu a mim e depois agrademos a garçonete que nos levou até a porta, dessa vez com toda a atenção.

- Vou pedir para o meu motorista me levar…- ela diz pegando o celular da bolsa.

- Mande ele para casa.- digo para ela.- Gerald pode nos levar, depois ele te leva até sua casa.

- Não é preciso…

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