24• | balões e vida que segue | Kel 💫

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Ao chegarmos ao CPB — Centro de paraquedismo e balonismo —, Jasmim desceu primeiro deixando-me para trás. Teríamos que esperar entardecer para iniciarmos o passeio de balões. Nesse meio tempo ficamos passeando pelo vasto campo verde rente as sombras das árvores. O sol estava se acalmando quando o sorriso de Jasmim cresceu ao avistar de longe um rapaz com os olhos puxados, pele clara e sorriso fácil. Leonardo Neto caminhou até nós com um misto de nervosismo e surpresa.

— Ora quem encontrei por aqui — disse estendendo a mão e me cumprimentando.

— Quem te encontrou na verdade foi a Jasmim — eu falei, minha amiga ao meu lado pareceu perder a língua. Ela é cheia de papo, brincadeirinhas, quando chega a sua vez fica vermelha feito um pimentão.

— Oi, flor. É muito bom te ver novamente — disse. Ela sorriu sem jeito estendendo a mão direita, a qual para o rubro aumentar em seu rosto, Leonardo se inclinou depositando um beijo rápido.

— Oi, Leon — saudou. Revirei os olhos, os quais estavam prestes a ficar doendo de tanto que os revirei em um só dia. Ela tem essa mania de apelidar as pessoas com nomes parecidos com os nomes reais delas.

— Ok. Acabaram? — perguntei tirando os dois do mundo em que se meteram nos longos minutos em que se olharam.

— Eu vou indo. Um casal está esperando para iniciarmos a sessão de fotos deles. Vejo vocês depois. — Deu um tchauzinho na direção de Jasmin, como se eu não estivesse presente, girou sobre os calcanhares caminhou até o casal.

— Quer um babador? — perguntei e ela gargalhou.

— Viu aqueles braços? — Jasmin voltou a ser a bagunceira que eu conheço.

— Devia ser assim na frente dele, acho que teriam mais assunto. Desde que se conheceram a conversa mais longa que tiveram foi, oi, tudo bem? Tudo e você? Também, legal o seu cabelo, o seu também é legal... Misericórdia, quem elogia o cabelo quando não tem o que dizer. — Imitei a voz dos dois e ela socou o meu braço.

— Olha quem fala, o cara da menina desaparecida...

— Ela não está desaparecida — defendi ao caminharmos até o instrutor.

— Se está dizendo. — Sorriu levantando as sobrancelhas.

— Ela vai voltar?! — declarei olhando para o primeiro balão que levantou voo a alguns metros de nós.

— Kel, falando sério — parou de andar —, já faz meses, ela disse que não tem data prevista para voltar, e se passar anos...

— Eu sei que é ela, esperarei o tempo que for. No calendário de Deus a data da volta dela está marcada — afirmei esperançoso.

— Eu admiro sua fé, meu amigo. Mas, será que você não está movido pela paixão. Desde que te conheci é louco por essa menina e parece que por ela é capaz de parar no tempo, já orou perguntando se é da vontade de Deus essa coisa que você sente ou melhor, que vai valer apena esperar? — Tem coisas que somente eu e Deus sabemos, é por isso que não vale apena discutir, o importante é não deixar as vozes de fora tornarem meus ouvidos surdos para a voz de Deus. Minha amiga quer o meu bem, ela não diz por mal ou para me machucar, pelo contrário, sua intenção é me fazer desapegar, para que conheça uma garota legal, de Deus e seja feliz.

— Se não for de Deus, daqui um tempo vou desapegar e conhecerei uma garota legal e casarei com ela. E deixarei que jogue na minha cara que era um leso por esperar a garota desaparecida. — Sorri ao dizer isso e ela festejou.

— Gostei disso! — Bateu palmas.

— Mas...

— Ah, tava bom de mais para ser verdade — reclamou batendo as mãos na lateral do corpo ao fazer uma careta.

Ainda há Esperança (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora