16• | Amizade | Hope 💫

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Eclesiastes 7

8. O fim de uma coisa vale mais do que o seu começo. A pessoa paciente é melhor do que a orgulhosa.

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Transformei minha mente, ou pelo menos achei ter transformado, em um cofre impenetrável. No qual guardei o pior dos meus pecados. Algo que fiz de tudo para esquecer. Enzo usando palavras em específico foi capaz de decifrar a senha, a porta destravou, no entanto, não conseguiu fazer com que trouxesse o segredo para fora. Ele sabe do que se trata, estou tentando fazer diferente, tentando me redimir do grande caos que causei na minha família, mesmo assim não declarei o pecado que tanto me assombra. Para quem não sabe o que sinto, pode achar que é pouco comparado as atitudes dali em diante, mas pra mim, pra mim é o pior de todos.
De todas as pessoas que conheço e até das que desconheço, fui a única a sentir essa atrocidade. Não teve como evitar, de repente tudo de dentro se quebrou e, do lado de fora não foi diferente.

Enzo dormiu no sofá naquela noite, permitindo minha estádia no quarto, esperei a hora em que seu sono estivesse pesado e sair de fininho. Não estava pronta e nem sei se estou, acho que nunca irei estar preparada para admitir diante de lucas e David o que me conduziu a fazer escolhas que me levaram ainda mais para longe de todos que amo.

Encolhi o corpo o máximo que pude próximo a janela do carro. Sentada no banco detrás fiquei inerte durante a conversa de Enzo e Zoe sobre alguma coisa relacionado a festa. Isso mudou quando ouvi o nome Alexia.

— Graças a Deus, Kel precisa de amigos que não tenham envolvimento com a empresa. Vai precisar se distrair e a família da Alexia é perfeita para isso. — Enzo comentou fazendo uma curva.

Ontem depois do nosso reencontro, Kel surgiu de braços dados com Alexia, ela estava simplesmente perfeita. Os dois foram para o centro do salão, uma música lenta foi ouvida e eles proporcionaram a todos um show de valsa. Não estava certa em sentir ciúmes de quem não é meu, independente disso, foi o que invadiu meu coração e doeu, doeu porque ela é tão incrível, uma menina de Deus, linda, sabe cozinhar, é modelo, uma filha que dar orgulho aos pais; eles se encaixam perfeitamente. E eu, bom, eu sou eu, totalmente o contrário dela. Além do mais, o que os tios dela fizeram por mim não tem preço, eles a amam e jamais faria nada para magoá-la, isso atingiria a todos ainda mais depois do que ela passou. Se Kel estiver gostando dela não irei interferir, como disse antes, ele não é meu.

Depois que fugi do Hotel, levei comigo certa quantia da carteira de Enzo, deixei um bilhete avisando do empréstimo. Não demorou nem uma hora e fui assaltada, eles levaram tudo, até meu par de calçado. Um homem dirigia um carro vermelho e abriu a janela lentamente, a mulher loira saiu e anunciou o assalto tentei correr e fui lançada ao chão pelo impacto do corpo dela no meu. Meu corpo estava machucado de mais, resolvi entregar o que tinha. O que não impediu dela me chutar algumas vezes por ter tentado escapar. Fui abandonada sagrando pela boca e apaguei por alguns minutos. A dor do corpo, bem, era o de menos comparada a intensa confusão do meu psicológico diante dos flashback's da conversa com enzo. Ao acordar levantei e percorri várias ruas até o nascer do Sol, as ruas começaram a ficar movimentada pelo tráfego de carros. Não sentir cansaço ou dor, minha mente estava ocupada demais pensando na conversa com Enzo, ele saber da verdade e não me condenar fez desmoronar as defesas que criei, fiquei abalada, no entanto, não foi o suficiente para que encarasse a verdade. Desmaiei novamente em frente a uma igreja. Estela estava em uma virgília, algumas pessoas passaram perto de mim e por está suja e com uma aparência nada agradável, não se disponibilizaram a ajudar, ela foi a única que ao descer as escadas de acesso da congregação e encontrar meu corpo esparramado na calçada, que teve compaixão. Levou-me ao hospital, ficou comigo até que acordasse e mesmo sem me conhecer reservou um quarto em sua casa para minha hospedagem. Não teve interrogações, unicamente quis saber o meu nome. Não consegui dizer nada durante um mês, os médicos não souberam explicar o porquê. Eu lutava para formular palavras audíveis, nada funcionava e estava desesperada. Chorava e chorava por não conseguir dizer o que estava gritando por dentro, foi preciso ficar presa dentro do meu próprio eu para entender com uma profundidade maior o quanto minha alma padecia. Minha alma gritava pedindo socorro e não estava ouvindo-a, queria sufocar os gritos internos cedendo aos impulsos do coração. Por acreditar que essa seria a melhor coisa a se fazer diante da voz que soa bem lá no fundo, pensava que se fizesse outras vozes de acusações ecoarem essa, talvez, se selenciasse. Estava enganada!

Ainda há Esperança (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora