— Kel, me desculpe? — mordi meus lábios — Não quis constranger você — eu disse ao vê-lo pálido.
— Eu-euu... — ele tentou formular algumas palavras, não conseguindo fechou os olhos suspirando e recuperando sua dignidade masculina. Esforcei-me para não rir, não queria constranger ninguém, mas a reação dele foi hilária. Quando minha gargalhada escapou e não consegui parar, seus olhos se abriram com uma expressão de confusão estampada em seu rosto, não desviou o olhar acompanhando o movimento do meu corpo de um lado para o outro em uma crise de riso. Não sei explicar o que me deu, não devia sorrir feito louca, não da primeira declaração de amor que ouvi depois de muito tempo fazendo besteira.
— Des....des... Aí meu Deus! Não consigo parar — gritei entre uma risada escandalosa, comecei a ficar preocupada por não consegui parar, as lágrimas começaram a sair e mesmo assim o riso parecia não desaparecer tão cedo. Nunca tinha acontecido uma situação inusitada dessas. — Me ajude! Não consigo parar. — Minha barriga estava doendo, ardendo na verdade, minhas bochechas molhadas e permanecia rindo como uma louca.
Kel saiu apressado de perto, não julgo, eu não ficaria próximo de me mesma nesse estado. Não conseguindo mais ficar sobre os pés, lancei meu corpo sobre o sofá e Kel apareceu com um copo nas mãos.
— Levanta daí, é o único jeito que pensei em fazer você parar — disse erguendo o copo de água, gargalhei ainda mais alto erguendo meu corpo novamente. — Desculpe, Hope! — fechei os olhos esperando a água molhar o meu rosto, mas nada aconteceu. A não ser braços envolvendo o meu corpo trêmulo pela risada. Kel abraçou-me delicadamente e depois mais apertado. Não sei o que mudou, do nada a risada sumiu e chorei copiosamente, ele não me afastou e esperou o pranto cessar para me acomodar no sofá.
— Eu não sei o que dizer — eu disse sem graça. Kel abaixou-se ficando na minha frente, segurando minhas mãos ao mesmo tempo que seus olhos da cor do sol recaíam sobre os meus oceanos completamente perdidos.
— Não precisa dizer nada, Hope. A única coisa que você deve fazer é aceitar — afirmou convicto, deixando-me confusa.
— Aceitar? — perguntei sem entender o que ele estava dizendo. As gotas tornaram-se controláveis e controlando a respiração não deixei que mais nenhuma delas escapasse.
— Você veio aqui para se acertar com a sua família. David reagiu da forma que você suspeitava, seu pai não teve tempo de dizer nada, mas agora não se trata deles Hope, não adianta querer o perdão do seu irmão, do seu pai, se você não se perdoa e não aceita de todo coração que é perdoada por Deus, ainda que diante do olhar do homem você seja imperdoável. Não perdoar é apodrecer de dentro para fora, é morrer aos poucos, lentamente e de forma dolorosa. Jesus sabia o que iria acontecer naquele dia, Hope, sabia o que você iria fazer, nem por isso Ele deixou de te amar — sorriu lindamente e meus olhos estavam transbordando de novo —, sabe o nosso problema, perdemos tanto tempo nos auto condenando por um crime que antes mesmo de cometê-lo, alguém lá atrás morreu por culpa dele e por isso já está justificado. Seu futuro ainda pode ser vivido, seus sonhos ainda pode se realizar, o você fez de destruiu e tirou o que havia de bom em você, não porque Deus te abandonou, mas porque você se condenou, aceite que você é inocente, Jesus te fez inocente! O preço, a punição, tudo foi pago naquele ato. Apenas aceite. — Suas palavras penetraram em meu coração e não precisou Kel me abraçar novamente, pois estava sendo abraçada pelo próprio Amor que um dia achei que precisava ser digna para receber, não, não, não, nunca serei digna, nada que eu faça irá mudar as minhas atitudes lá detrás, porém, eu sou amada e ah, Deus me ama! Deus me ama! — chorei abraçada ao meu próprio corpo ao sentir o Amor lavando a minha alma, sentindo cada parte de mim sendo abraçada, cada ferida sendo curada. Havia começado um processo de recomeço na minha vida, mas ainda sentia que era superficial, pois queria primeiro acertar tudo com a minha família e assim achei que estaria cem por cento para está na presença de Deus da maneira certa, mas não existe isso, se enquanto as coisas estão ruins não estamos cem por cento, não estaremos quando tudo estiver bem. Todo tempo é tempo de buscá-lo, de amá-lo, de alegrá-lo ao se deixar ser conduzida por seu imenso amor. Não é sobre eu está cem por cento para ser amada, é sobre eu ser amada por um Amor perfeito ainda que esteja quebrada. É simples, eu sou amada!
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Ainda há Esperança (Concluído)
SpiritualLivro em andamento| Não revisado Livro 3 da trilogia Sempre Foi Você. Um acontecimento divide a Familia Soure. Hope de todos é a que mais se revolta, decidindo seguir os caminhos de seu enganoso coração. A Esperança pulsando em seu peito aos poucos...