Chapter fourteen - três palavras, oito letras

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Félix Spielman

Seu peito subia e descia, e seu olhar mantinha-se preso ao meu como um imã. Romana não disse nada, apenas permanecia à espera de um movimento meu. Era um silêncio ensurdecedor. Eu não sabia o que fazer agora. Com certeza essa briga não estava nos meus planos.

"E por que devo ficar?" Sua voz era comedida. O tom sério. Os olhos ainda duvidosos.

"Porque eu quero que fique." Respondi sem pensar duas vezes.

"Não é o suficiente." Romana parecia desapontada com minha resposta.

"Porque devemos ficar juntos." Justifique da melhor forma que encontrei.

"Ainda não é o suficiente." A morena respondeu, balançando a cabeça em negação.

"Então...o que é?" Perguntei, já sem saber ao certo o que ela queria ouvir.

"São aquelas três palavras, que ditas juntas tem um significado." Seus olhos castanhos não piscaram, e naquele momento eu sabia exatamente do que Romana estava falando.

"Eu..." Faria sentido dizer em voz alta? "Eu..." E se ela não sentisse o mesmo?

"Você..." A morena estimulou, querendo ouvir da minha boca algo que ela mesma não havia me dito ainda.

"Eu..." Permaneci estático, travando mais uma vez.

"Foi o que eu pensei que seria..." A mágoa em seu rosto me pegou de surpresa, assim como sua partida súbita.

Fiquei sem reação à sua saída, impotente demais para conseguir impedir qualquer coisa. Meu peito afundou, tive que me segurar na porta pois sentia uma dor que jamais antes senti na vida. O que é isso? Essa sensação horrível onde parece que meu coração está machucado? Sinto falta de ar, e ando até a janela em busca de vento, abro a cortina e a corrente fria do inverno me invade, tornando menos dolorosa a partida de Romana.

Realmente este fim de semana está uma merda.

Não sei dizer quanto tempo se passou enquanto eu permanecia inerte no meu quarto, sozinho com meus pensamentos e refletindo sobre todos os últimos acontecimentos. Já escureceu quando me dei conta de olhar as horas no meu celular. Duas da manhã. Precisava beber alguma coisa para amortecer essa agonia. Saí do quarto e percebi que tudo estava em seu mais absoluto silêncio, descia as escadas em direção à cozinha, não encontrando uma alma viva acordada. Talvez fosse melhor assim. Ninguém para me perguntar o que eu tinha. Ninguém para querer me dar conselhos. Pois nada poderia mudar meu humor agora.

Mas assim que cheguei à cozinha, encontrei a última pessoa que esperava ver. Aquela que eu queria evitar encarar, pois não tinha coragem de olhar nos olhos dela novamente e manter a minha  pose de durão. Romana Rivera. A pequena mulher estava sentada em uma das cadeiras, olhando fixamente para um copo de leite, sem nem se dar conta da minha presença.

Andei tranquilamente até a geladeira, procurando por algo forte, mas a única coisa que encontrei foram latas de energético e muito leite. Julian e Bastian  pagam mais tarde. Fui obrigado a pegar um energético, abrindo-o e com isso ganhando a atenção de Romana, que em um primeiro momento me analisou friamente, somente para no segundo seguinte voltar sua atenção ao copo de leite sobre a mesa.

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