Chapter sixty four - lua de mel

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Romana Spielman



A polícia fez conosco todos os questionamentos possíveis e impossíveis. O delegado Hoffman mais parecia um inquisidor espanhol, tentando retirar de nós toda e qualquer informação. Esse homem não cansa não? Perdi a conta de quantas horas estamos aqui, repetindo os mesmos discursos pela milésima vez. É como se o delegado não acreditasse no que dissemos, como se quisesse arranjar um motivo para poder nos prender.

Félix e eu não combinamos nada, não havia plano traçado. Será que esse delegado não percebeu que nós é que somos as vítimas aqui?

Observava Félix conversando com o delegado ao longe, sua expressão facial era fácil de desvendar. Cansaço. Provavelmente estava exausto de ter que afirmar que os tiros foram em legítima defesa. Em contrapartida, o delegado Hoffman permanecia interessado em arrancar dele mais coisas do que fossem necessárias. Estava prestes a ir lá e terminar este depoimento, talvez o que me parasse fosse o medo de ser presa por desacato.

Afinal de contas, Romana Francesca Rivera Spielman não combina com o xadrez de uma prisão.

Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente o delegado Hoffman se convenceu de que poderia liberar Félix, e meu marido andou calmamente em minha direção, passando as mão pelos cabelos loiros em frustração. Com toda a razão, obviamente. 

"E então, como foi?" Perguntei ansiosa, segurando sua mão na minha.

"Um inferno na terra!" A falta de paciência de Félix era bem notória.

"Por que será que isso não me espanta nenhum pouco? Aquele delegado é um mala sem alça! Chato do caramba!" Sentia que se ele me questionasse além do devido, acabaria sendo presa mesmo.

"Ele me pediu para te avisar que é a sua vez de ir lá depor." Os olhos cansados de Félix me prenderam mais uma vez. "Boa sorte Rom...vai precisar..." Beijou minha mão antes de nossa breve despedida, enquanto eu andava em direção ao meu destino.

A cada passo sentia meu coração se contraindo, aflito. Os olhos do delegado Hoffman em mim só deixava a coisa toda ainda mais desconfortável. Talvez a única coisa boa, se posso chamar assim, seja o fato de que pude trocar de roupa depois do banho. Imagina o meu constrangimento vestida de noiva nesta hora? Seria dez vezes pior. Este vestido leve também era branco, mas bem mais confortável. Sentei-me no lugar indicado, cruzando minhas pernas, sabendo muito bem que aquele delegado idiota estava de olho nelas, e que Félix iria querer matá-lo por isso. 

"Muito bem senhorita Rivera..." Começou o martírio...

"Senhora Spielman para você..." O corrigi, sorrindo debochadamente. 

"Ok...senhora Spielman então..." Ver a falta de palavras do delegado estava até me divertindo. "Podemos começar?" Logo o delegado tentou manter sua postura séria, como era de se esperar de um bom profissional.

"Claro, quanto antes terminarmos melhor." Também assumi meu lado mulher fodona, poderosa e dona da porra toda. 

Qualidades que sei que meu marido ama e aprecia.

"Por que, senhora Spielman? Por acaso tem algum lugar melhor para ir?" A falta de noção desse delegado não estava escrita.

"Como o senhor é distraído delegado Hoffman...se o senhor não percebeu, este aqui era o meu casamento, e sim, eu tenho um lugar importante para ir, a minha lua de mel!" Como esse cara se formou? Sherlock Holmes teria vergonha.

"Neste caso...espero que dê tudo certo...odiaria ver você na cadeia..." Além de ser um completo babaca, agora ainda tinha tempo para ameaças?

"Escuta aqui...seu...seu..." De repente senti um calor subindo pelo meu corpo, estava suando mais do que o normal. "Seu...seu..." Não saía mais nada da minha boca, estava ficando assustada, sentia meus sentidos se esvaindo, a garganta seca, e de repente tudo ficou preto.

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