Chapter thirty tree - fim de festa

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Música do capítulo: Bring me to life

Romana Rivera



O nível do ranço era real.

"Não gosto de você, não sinto verdade em você, acho você incoerente, acho você uma falsa, extremamente sem educação, extremamente grossa com as pessoas e soberba!" Verbalizei em voz alta, causando o espanto até de Félix, que me olhou de canto. "VOCÊ MATOU UM BEBÊ SUA LOUCA?!"

Os olhos claros de Samanta agora eram uma confusão. Marejados, tristes, sem vida. O soar daquela sentença tão dolorosa fez um peso, uma nuvem negra se instalar entre Félix, a loira abalada e eu. Fiz o que qualquer ser humano com coração faria no meu lugar. Convidei Samanta para entrar, aguardar na sala, enquanto eu me dirigi até a cozinha para pegar um copo d'água com açúcar na tentativa de acalma-la.

Félix ficou fazendo companhia à Samanta na sala, imagino o constrangimento dele, sabendo que ele mesmo já não tinha mais respostas para a situação. Aborto? Desta vez a loira foi longe demais, apesar de que havia uma pequena hipótese de que esta história toda fosse apenas uma invenção da cabeça maluca de Samanta.

Voltei à sala com a água, observando a figura da loira cabisbaixa. Em seguida virei minha atenção para Félix, que permanecia imóvel, os braços cruzados e o rosto totalmente imparcial. Só deus sabe o que se passa na cabeça desse homem. Finalmente entreguei o copo à Samanta, que levantou a cabeça me fitando, ainda com a mesma expressão com a qual chegou. A loira segurou o copo com as mãos trêmulas, levando o mesmo aos lábios, parecia sedenta, e tomou todo o seu conteúdo em poucos segundos.

Haviam algumas perguntas sem resposta e várias teorias já se formavam na minha cabeça.

"Melhor?" Perguntei, uma parte de mim realmente com medo de toda essa droga ser verdade.

"Sim...obrigada..." A suavidade no tom de voz de Samanta foi o que mais me assustou.

"Então...você realmente...abortou a criança?" Não foi nenhum espanto para mim Félix querer esta confirmação.

Samanta afirmou pausadamente com a cabeça, segurando firme o copo de vidro, já vazio. Senti um certo desconforto naquele momento, era como se todo o processo fosse demais para suportar, como se o ato em si fosse algo pesado, o que realmente era, e talvez agora Samanta esteja colhendo os frutos podres de sua decisão.

"Quer que eu ligue para o Julian?" Me ofereci para localizar meu amigo, mesmo sabendo que Samanta era a coisa mais irrelevante na vida dele neste momento e a última pessoa ao qual ele queria ver.

"Eu...já liguei...diversas vezes...mas ele não atendeu..." A decepção em sua voz era algo nítido de se notar.

"Ah, mas ele vai me atender!" De repente Félix sacou o celular do bolso, discando o contato de Julian, e como esperado, o mesmo não atendeu.

"Amanhã conversamos com ele." Enquanto eu pedia à Félix, o loiro ainda não havia desistido de ser atendido por Julian, e continuava tentando a ligação.

"Mas que merda! Quando é importante não atende, quando é para ficar me enchendo o saco para sair é o primeiro!" A irritação de Félix era perceptível.

Claro que somente eu o entendia nestes momentos e obviamente Samanta o encarava com medo. Félix podia ser bem assustador quando queria. Era quase que ir contra a sua natureza ser uma pessoa calma. Não havia maneira de faze-lo mudar quanto a isso. Está na sua essência, na sua alma ser sombrio e mal entendido. Era como se não pudesse remar contra a correnteza Félix Spielman, eu me vi sendo puxada ao seu encontro cada vez mais, até ser absorvida por ele por completo. Uma vez que caí no amor com Félix, permaneci nas profundezas do seu coração, a aqui fiz minha morada.

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