Chapter sixteen - acorde por favor

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Romana Rivera


Não. Isso não pode estar acontecendo. Não comigo, e definitivamente não com ele. Eu ouço as vozes ao meu redor, os gritos ensurdecedores das pessoas, vozes familiares me chamando, mas nada detém minha atenção a não ser seu corpo inconsciente no chão daquela rua fria.

O motorista desceu do veículo, apavorado demais, pedindo mil e um perdões. Mas o perdão dele não traria Félix de volta. Miranda e Paola me alcançaram, nem percebi as duas se aproximando, quando dei por mim já estavam me enlaçando a cintura, me envolvendo em um abraço apertado. 

Em uma fração de segundos não esbocei reação, apenas fiquei lá, parada, observando a cena toda se desenrolando bem diante dos meus olhos. Quando finalmente consegui gritar, a voz saiu falha, trêmula, aguda. Quebrada. 

"Félix...acorda! Acorda...por favor!" Não era um pedido, era uma ordem. "Você não pode fazer isso comigo Spielman! Me largar aqui...sozinha nesse frio todo!" Queria me aproximar mais, chacoalhar seu corpo desacordado, fazê-lo me encarar, mas me impediram, afirmando que não poderia encostar nele pois poderia ter fraturado algum osso e era muito perigoso.

"Alô? Emergência? Preciso de uma ambulância!!!" Era Bastian ao telefone, desesperado, assim como todos nós. 

A esta altura minha maquiagem já estava toda borrada, meus cabelos perfeitamente desalinhados e bagunçados, e as lágrimas descendo sem parar de meu rosto. Não sei quando foi a última vez que chorei desta maneira, mas em muito tempo não sabia mais o que era derramar água salgada. 

A espera pela ambulância foi uma lenta tortura, e quando enfim ela chegou, Félix foi imobilizado na maca, ele parecia descansar em um sono profundo. Logicamente entrei com ele na ambulância, segurando sua mão por todo o caminho até o hospital. Não queria soltá-lo, tinha tanto medo de perdê-lo que me doía a alma só de pensar nesta possibilidade.

Assim que os enfermeiros desceram Félix, o colocaram em uma maca mais apropriada, empurrando a mesma pelo enorme corredor do hospital. Segui-os o quanto pude, até o momento em que fui impedida pela enfermeira chefe de entrar na sala de operação.  

Logo Miranda e Paola chegaram ao meu encontro, e juntas sentamos nas cadeiras da sala de espera. Julian e Bastian vieram minutos depois, assim como todos os outros. Não queria ver ninguém, muito menos conversar. A única coisa que queria eram notícias de Felix, e isso parecia ser algo longe de acontecer.

"Você precisa ser forte Romana..." Miranda segurou minha mão, apertando contra a dela. Não que isso fosse ajudar a me acalmar porque não adiantava nada, mas a intenção era boa. 

"Não sei se consigo...eu...não posso nem pensar...e se acontecer alguma coisa com ele??" Divagava em voz alta, as palavras e inseguranças saindo para fora.

"Félix é forte, ele vai sobreviver!" Julian também tentava me passar tranquilidade, mesmo estando tão nervoso quanto eu.

"Romaninha...estamos todos aqui com você, não vamos te deixar sozinha!" Miranda disse, deixando que apoiasse minha cabeça em seu ombro.

Fechei os olhos, queria sumir, esquecer tudo que aconteceu. Fingir que foi tudo apenas um sonho ruim, que Félix estava no chalé, me esperando. E doía demais saber que nada disso era verdade.

"Romana...eu sinto muito pelo que houve..." A voz de Léo fez com que meus olhos se abrissem em surpresa.

"Por que diz isso?" Estava confusa com o turbilhão de emoções que aconteceram, mas as palavras de Leonardo não estavam fazendo sentido.

"Sei o quanto gosta do Félix, e o quanto ele é importante para você. E me sinto mal de não poder fazer nada para mudar o que houve..." O ruivo media as palavras, que saíam baixas. 

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