Chapter fourty eight - delirio tropical

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Romana Rivera

"Venha conosco senhorita Rivera. Você tem muito o que explicar à Polícia." A senhora loira usava um tom ditatorial comigo, como se fosse uma parente afastada de Hitler.

"Mas ela não fez nada de errado!" Félix disse, tentando se levantar, mas o soro em seu braço o impediu.

"Calma gente! Eu vou com eles!" Disse, querendo acalmar Spielman e os outros.

"Mas Romana?!" Miranda também não entendia a necessidade de meu depoimento aos policiais.

"Gente! Está tudo bem! Tudo certo!" Minha tentativa de não causar pânico não estava funcionando.

"Não! Não está tudo bem! Ela é inocente! Vocês não precisam levá-la!" Félix arrancou o soro do braço, levantando da cama e tentando andar, mas o ferimento da bala ainda não se curou completamente.

"Acalme-se senhor Spielman!" Um dos policiais tentou conter Félix.

Tive que andar em direção ao loiro, segurei em seus ombros e o fitei com a expressão séria.

"Escuta Félix...eu vou com eles, mas eu prometo que vou voltar logo okay?" Encarei aqueles olhos verdes preocupados, dando-lhe um selinho. "Te amo..." Segurei seu rosto por um breve momento, transmitindo segurança.

"Eu te amo mais..." Seu sorriso doce era o motivo das minhas forças.

Deixei-o sentado na cama e acompanhei os policiais. Em menos de meia hora chegamos à delegacia, tentava pensar positivo e que tudo daria certo, mas ao mesmo tempo me corroía por dentro, com medo de ficar presa aqui por algo muito maior que eu. Como explicar a mente doentia de Leonardo e Benjamim? Rezava para todos os santos que estes policiais acreditassem na minha versão, e não na do lixo humano do Benjamim.

Chegando à delegacia, fui conduzida à sala de interrogatório, era branca e espelhada, mesmo que não pudesse ver nada, sabia que estavam me observando do outro lado. Os dois policiais e a senhora loira me deixaram sozinha lá, informando que o delegado viria conversar comigo. Sentei naquela cadeira dura de plástico, batendo as unhas na mesa, os pés tamborilando sem fim em nervosismo puro. Ajeitei meu cabelo, que ainda era estranho para mim nesta tonalidade loira, enquanto esperava. Não sei quanto tempo se passou até alguém entrar pela porta. Mas quando entrou causou-me espanto pela pouca idade e pela postura. Sempre imaginei delegados de polícia baixinhos, barrigudos e carecas. Não esperava encontrar outro tipo por aqui. Mas mordi a língua.

"Senhorita Rivera?" Perguntou-me o óbvio.

"Sim." Respondi, já cansada sem nem ter motivos.

"Sou o delegado Hoffmann, acho que você sabe o motivo pelo qual está aqui." Não havia sinal de empatia em sua voz.

"Sim, eu sei, mas não falarei nada sem a presença de um advogado." Respondi séria, segurando as duas mãos sobre a mesa.

"Como quiser senhorita Rivera. O tempo está correndo, e se a senhorita cooperasse agora, isso facilitaria muito as coisas." Tentava me intimidar, mas nada mais me abala.

"Sei do que estou sendo acusada e sei os meus direitos. Não sou obrigada a falar agora. Quero fazer a ligação da qual tenho direito." Nao mudei minha postura indiferente, vendo o rapaz que aparentava ter somente alguns anos a mais que eu bufar do outro lado da mesa.

"Você é mesmo difícil Rivera..." Levantou-se, e antes de sair parou na porta. "Vou providenciar a sua ligação. Aguarde aqui." Fechou a porta com tudo, o barulho estrondoso me fez tampar os ouvidos.

"Colocam ignorantes para comandar a polícia agora?" Pensei alto, passando as mãos pelos cabelos em frustração.

Me deram um chá de cadeira e passei algum tempo sentada naquela sala sozinha, olhando para o teto, até a velha senhora de antes entrar com um celular e me entregar, sentando à frente, com certeza aguardando minha ligação. Usei o telefone para pedir socorro à unica pessoa que poderia me salvar agora.

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