Chapter sixty three - recomeço

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Romana Rivera



O tiro foi fatal. Direto no coração. O som do tiro quase me ensurdeceu, acabei me agachando no chão, tapando os ouvidos. Não sentia minhas pernas, era como se elas tivessem virado gelatina. A cena à minha frente parecia saída de um filme de terror. Aquele corpo sem vida, caído no chão, fez meu corpo todo tremer em alívio. 

Benjamin estava morto. Félix acertou um tiro em seu peito, e o outro em sua cabeça. Não havia maneira dele estar vivo. O sangue se espalhou pelo chão, deixando tudo ainda mais mórbido.

No minuto seguinte a polícia finalmente chegou ao local, isolando o corpo. Félix largou a arma imediatamente no chão, assustado, confuso. Pela primeira vez em muito tempo vi o medo em seus olhos, a tristeza e a angústia. Mordi meus lábios, sem saber direito o que fazer, encolhendo os braços e o chamando como um sussurro.

"Félix...Félix...Félix..." Minha voz não saía tão alta quanto queria, mas consegui com que ele me ouvisse.

"Rom!!!" Félix correu até mim, me abraçando com tamanha urgência, enfiando a cabeça em meu pescoço.

Sentia o quanto ele estava tremendo, seus braços circulavam meu corpo tão apertado, como se pensasse que fosse fugir a qualquer momento. Segurava seus cabelos, enfiando meus dedos em seus fios loiros, enquanto Félix permanecia me segurando naquele abraço. Aos poucos conseguimos nos acalmar, o batimento cardíaco voltando ao normal. Nos separamos ainda um pouco assustados com tudo, percebendo que Julian e os demais estavam sendo interrogados pela polícia.

Ao longe avistei o delegado Hoffmann conversando com Miranda, ele apenas me encarou em silêncio, e logo voltou a prestar atenção à ruiva parada à sua frente, com os braços cruzados, impaciente, como sempre.

Voltei a fitar meus olhos verdes preferidos, agora apagados pela dor. Por mais que tivesse sido legítima defesa, sabia que Félix nunca havia matado ninguém. Isso podia afetar ele para sempre. 

"Félix...olha para mim..." Pedi sua atenção, vendo que ele me seguia com os olhos tristonhos. "Vem...vamos para dentro...tomar uma água..." Segurei sua mão, notando que estava fria, o guiando para longe dali.

Sabia que os policiais viriam até nós atrás de um depoimento, mas por enquanto estavam preocupados demais em levar aquele corpo dali, e ouvir os convidados. Ainda havia tempo. Seguimos o trilho até a entrada da cabana, minha mão entrelaçada à de Félix, não querendo soltá-lo. Andamos até a cozinha, onde encontrei a geladeira, deixando Félix por um momento. Visualizei o loiro sentar-se em uma das cadeiras, colocando as mãos no rosto, desmoronando.

Enchi um copo com água, andando rapidamente em direção à ele, percebendo que estava calado demais. Foi quando quis tirar suas mãos do rosto que percebi que Félix chorava baixinho. Aquela cena partiu meu coração em dois.

"Hey...não chora..." Minha primeira reação foi limpar suas lágrimas com o meu polegar, alisando seu rosto, tentando tranquiliza-lo.

"Eu...eu...o matei...eu matei ele...Rom...eu..." Félix tentava falar algo coerente, mas sabia que estava em choque.

"Você só me defendeu...foi legítima defesa!" Segurava seu rosto, não querendo vê-lo desta maneira.

"Eu sou um assassino!! Eu...matei uma pessoa..." Por mais que eu quisesse fazer ele esquecer o que fez, sabia que isso poderia levar algum tempo.

"Sh...não! Não se culpe desse jeito! Meu amor...olha para mim..." Pedi que me encarasse, vendo seus olhos vermelhos me fitarem. "Não foi culpa sua! Não foi! Éramos nós ou ele!" A esta altura, eu mesma senti as lágrimas salgadas caindo em meu rosto.

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