Chapter fifty nine - o casamento - parte I

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Romana Rivera



Toda mulher ao menos uma vez na vida sonha com o dia do seu casamento. Uma grande festa, cercada pelas pessoas que amamos e admiramos, cheia de flores, ouro e ostentação. Luzes de velas, brilho, música clássica e ambiente, e muito luxo. Este era o meu casamento dos sonhos, mas isto foi há muito tempo atrás. Tudo mudou depois do meu sequestro.

Passei a ver a vida sob um novo ângulo. O valor que dou a cada momento e a cada pessoa ímpar que conheço. A cada segundo que respiro o ar da cidade, a cada vez que olho para o céu cheio de estrelas tão brilhantes. Cada coisa que antes me parecia tão supérfula, hoje é algo de um valor inestimável. Talvez a coisa mais preciosa do mundo todo para mim seja quem eu um dia neguei e repudiei. Félix Spielman.

O cara mais galinha que eu já conheci, o que não ficava com nenhuma garota por muito tempo. A maioria durava apenas uma noite. Tudo começou como uma foda, era apenas sexo. E veio em um momento totalmente inesperado da minha vida. Admito que estava perdida, minha mãe nunca fez o tipo presente. Vivia solitária em minha cobertura mais tempo do que deveria. No fundo eu sempre imaginei que ficaria sozinha para sempre, por opção é claro. 

Apesar de ter meus amigos há bastante tempo, e saber que podia contar com eles para qualquer coisa, nem sempre foi assim. Conheci Miranda e Paola na pré-escola. Começamos a brincar juntas e a tramar nossos primeiros esquemas ainda crianças. Acho que o que nos uniu foi a vontade de ser a melhor, sempre. Vivíamos competindo para isso. Era como uma rivalidade saudável, por mais que eu já tivesse sabotado as duas para conseguir o que eu queria. Não que me orgulhe disso. Temos tanto em comum, mas ao mesmo tempo somos totalmente diferentes. A personalidade de Miranda não a deixa sair do controle. Nunca. A última palavra sempre tem que ser dela. Talvez quem esteja mudando ela seja Theo, e o agradeço por isso. Às vezes é bom aprender a ceder um pouco.

Já Paola sempre foi a sonhadora, a que esperava pelo príncipe encantado, que chegaria cavalgando em seu cavalo branco, a arrebataria com seus braços fortes e a encheria de flores, de preferência tulipas, que são suas preferidas. Só que como sempre o feitiço se vira contra o feiticeiro, e minha amiga se viu apaixonada por Bastian, um dos caras mais sem vergonhas da cidade toda. Amigo do Spielman, esperaria o quê? Acredito que de todas nós a que mais se decepcionou foi ela, pelo coração partido por todas as mentiras de Bastian, aquele lixo humano. Juro que se ele se atravessar na minha frente faço picadinho dele.

Os garotos foram introduzidos na nossa vida meio que de para-quedas. Os três mosqueteiros, o trio mais conhecido da cidade, bem, eles tinham a fama. Todo mundo queria ser eles, dormir com eles ou ser da turma deles. Mas o fato é que isso era praticamente impossível. As meninas e eu éramos frequentadoras assíduas da Boate Hell desde sempre, pois lá tudo era permitido. Eu tinha 15 anos quando coloquei meus olhos pela primeira vez em Félix Spielman. 

A primeira coisa que constatei sobre ele era o quão alto esse garoto era. Seu ar imponente combinava perfeitamente com seu rosto milimetricamente esculpido pelos deuses. Okay, ele era um gato, não havia como negar esse fato. Mas até então eu não me surpreendia com um rostinho bonito. Foi em uma daquelas noites loucas na boate que Bastian se aproximou de Paola, por motivos óbvios, devido a minha amiga nem sequer fazer a decência de esconder seu interesse por ele. E como Bastian era um pacote, acabou que trazendo junto para nossa bolha Julian e Félix. Mesmo estando muito bêbada naquela noite para lembrar de todos os detalhes, a forma como eles tinham uma lábia com as mulheres e os homens era surreal.

Lembro-me de ter ficado um tempo observando Julian e Félix em ação. Os rostos muito concentrados, como se estivessem caçando uma presa. Profissionais. Enquanto eu apenas os cumprimentei, usando da minha boa educação, é claro, não troquei mais de meia palavra com Spielman. Seu olhos verdes eram intimidantes demais e não seria eu mais uma de suas presas fáceis. Ele pode ser lindo e tudo mais, charmoso e tudo mais, atraente como o inferno, cheiroso como a fábrica toda da Chanel, mas eu sou Romana Rivera e não me rebaixo a qualquer tipinho. 

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