Chapter forty one - acerto de contas (Parte III)

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Música do capítulo: Mala santa - Becky G

Félix Spielman

Eu te amei como jamais amei ninguém. Mas então você me traiu. Fiquei de luto. Morri por dentro. E agora você voltou. Você tem noção da confusão que deixou para trás?


"Me solta!" Romana protestava, mas sua súplica não conseguiu me convencer de que realmente ela quisesse se libertar de meus braços.

"Não! Não até você me contar a verdade!" Por que era tão difícil para ela admitir algo?

"Por favor...me solta..." Poderia jurar que sua voz estava falhando. 

De repente senti seu pequeno corpo tremendo em meus braços, a pequena mulher mordia o lábio em um medo evidente. Naquele instante meu coração afundou mais um pouco, e o pavor de ter a assustado tomou conta de mim. Mas que merda você está fazendo Félix?

Antes que me arrependesse de algo maior, acabei a soltando, o que me custou muito caro. Os olhos furiosos dela me devoraram, a mágoa estampada em seu rosto, e no minuto seguinte lançou-me a mão em uma bofetada estridente. Minha face ardeu em chamas, segurei o local incrédulo, ainda fitando aquela mulher completamente instável à minha frente, sem conseguir proferir uma frase coerente sequer.

"Mas que merda você tem na cabeça?! Falei para você sair daqui! Mas você é mais teimoso que uma porta!" Romana me insultava daquela maneira tão eloquente, o que me deixava ainda mais confuso do que nunca.

Por mais que eu tentasse respondê-la, havia algo em mim que estava me impedindo. Talvez, mas só talvez seja o enorme medo da fúria que encontro em seus olhos, em sua atitude. Era Romana, mas ao mesmo tempo não soava como ela mesma. Com certeza havia algo diferente nela, em sua postura antes tão decidida, e agora cheia de uma dor que eu não conhecia.

"Rom..." Pensei alto demais, o que provocou aquele pequeno furacão.

"Cala a boca! Chega! Vai embora, por favor! Só vai embora!!!" Romana respondeu acidamente, em um tom melancólico demais, passando as mãos pelo rosto, frustrada, cansada e totalmente exausta.

Me aproximei novamente, mas com toda a cautela do mundo. Nada de agarrar contra a vontade. 

"Você pode me mandar embora quantas vezes quiser...mas eu não vou..." Respondi, decidido a de uma vez por todas decifrar o quebra cabeças Romana Rivera. "E sabe por que eu não vou? Por que eu te amo porra! Eu amo você Romana! Caralho! Você aparece aqui, viva, depois de um ano todo e tem a audácia de me mandar embora? Eu sou Félix Spielman, eu não irei embora daqui sem uma explicação plausível sua!" Como estava muito próximo dela, a mesma foi tentando se esquivar de mim, andando de ré até acabar sentando em uma das poltronas que haviam no quarto.

O choque em seus olhos castanhos era assustador até para mim. Nunca a vi assim, tão frágil e quebrada. Onde estava aquela mulher forte por quem me apaixonei? No lugar dela havia uma garota ferida, acuada, que encolheu-se em seu vestido de noiva para não me encarar, e logo pude ouvir os soluços que ela tentou a tanto custo evitar, junto com o pequeno choro baixo. Me senti impotente diante dela, impotente e sem saber como consertar aquilo.

"Você nunca me ouve, não é? Nunca...idiota...tonto...por que é tão teimoso? O que custava sair daqui? O que custava me deixar em paz? Você não sabe de nada...não pode saber de nada..." Romana sussurrava todas estas coisas sem sentido, balançando a cabeça em negação. Mas de repente ela levantou o rosto, os olhos cheios de lágrimas me perfuraram a alma, e por fim disse algo que fez total sentido naquele momento. "Félix...vai embora...por favor..." Ouvir sua boca dizendo meu nome depois de tanto tempo era como música para meus ouvidos.

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