As verdades Mais Profundas

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Capítulo 15 – As verdades Mais Profundas

Atormentados pelas respostas que haviam conseguido e pelas novas dúvidas que agora cercavam suas mentes, saíram da gruta e todo o peso que sentiam apenas aumentou ao ver o sol se pondo ao longe.

– Não vai dar tempo. – Jimin ofegou nervoso. – Não vai dar tempo, droga. – Repetiu ainda perdido naquela visão.

Greenfort já havia passado um dia naquela ilha. Já havia ouvido todas as verdades que ela tinha a lhe dizer e não sabia se estava pronto para ouvir tudo de novo e, acima de tudo, não estava pronto para ouvir o que o comodoro tinha a dizer. E antes que ele dissesse alguma coisa, Jimin correu.

Correu o mais rápido que pode. Queria manter a maior distância possível do comodoro. Não por medo do que faria ao homem, mas sim do que ele faria consigo. Poderia parecer um medo idiota e infantil vindo dele. Afinal, quem Jimin queria enganar, ele com toda certeza era um perigo muito maior para o comodoro. Mas quando se tratava daquela ilha...

Ele temia tudo.

A primeira vez que esteve ali, era apenas uma pequena criança aprendendo sobre as regras do mar e tudo o que o mundo tinha a oferecer. Ele ainda navegava com os piratas que haviam o encontrado à deriva, mas tudo mudou naquela viagem.

A primeira vez que olhou para a bola de cristal, viu tudo o que precisava saber naquele momento. Viu o homem que supostamente deveria ser seu pai o jogando na água, viu o medalhão tomando sua vida e o transformando em um amaldiçoado. Viu que tudo o que precisava fazer para se sentir completo era encontrar sua alma e viu um homem.

Um total desconhecido que por algum motivo o ajudaria a chegar até ela. Era tudo muito confuso, mas no fundo ele havia entendido.

Sua busca era outra.

O capitão do navio, que estava com ele, era um homem que praticamente o tinha criado, e havia ido até lá apenas para encontrar a verdade sobre sua filha. Ele queria entender o desaparecimento da menina para a encontrar, mas ao ter a notícia de que a menina estava morta, ficou desolado.

Decidiu, então, ficar pela noite na ilha, na beirada da praia, ao lado do mar. Ninguém sabia o que acontecia durante a noite. Ninguém nunca havia voltado de lá para contar a história e, por mais em alerta que estivessem para qualquer perigo iminente, não esperavam por aquilo.

No começo, acreditaram ser um simples nevoeiro, um denso e forte nevoeiro, nada mais do que isso. No entanto, os olhos ficaram cinzas e o mundo ao redor parecia perder o som aos poucos.

– Vamos matá-lo. Ele é uma aberração. – Escutou um dos tripulantes falar para o capitão.

– Ele me assusta. Não podemos continuar com ele. – Outro resmungou. – Vamos matar ele enquanto ainda temos chances.

– Ele irá nos matar mais cedo ou mais tarde. – Um deles declarou. – É ele ou a gente.

O capitão então se virou para Jimin. Ele era apenas uma criança, só que uma criança que podia fazer o que ele fazia, era nitidamente uma ameaça.

Era algo assustador.

O inexplicável sempre era assustador e os covardes tendiam a matar o que não conheciam ou entendiam. Jimin sabia disso, mas via aqueles homens como sua família e em nenhum momento esperou aquilo. Nunca achou que eles poderiam o temer.

Se seu próprio pai o matou, o que impediria um estranho de fazer? – Uma voz sussurrou dentro de sua cabeça. – Você é o culpado de tudo isso e merece ficar sozinho. Você mata tudo ao seu redor e por isso não merece ninguém. – Jimin tapou os ouvidos, tentando se impedir de ouvir aquilo, mas era impossível. – Sempre será assim. Todos sempre irão te temer. – Lágrimas escorriam dos olhos de Jimin, aquela foi a última vez que ele havia chorado. – E, no final, você morre. – Jimin ouviu o tiro, mas não sentiu a dor.

Entre o Mar e a Espada - Jikook | LIVRO 1 | MY ABO UNIVERSEOnde histórias criam vida. Descubra agora