Virtu@

(Falta de) Atitude

"Preocupado, foi como se o som de todos mutassem e Kauê se fechou em seus próprios pensamentos de aluno de rendimento baixo.

As provas finais batiam à porta e precisava muito salvar seu ano letivo pois só a ideia de repetir de série lhe dava náuseas. Já não suportava estar naquele ambiente e mais dois semestres ali lhe fariam cogitar abandonar os estudos. O reforço de um trabalho integrado seria muito bem vindo por mais que fosse complicado para ele envolver artes plásticas em qualquer coisa. Não era do tipo que subestimava nenhuma matéria e a falta de tato e delicadeza que tinha para essa nem lhe permitia julgar fácil a tarefa.

Trocou olhares com a namorada que lá do fundo sorria graciosa imaginando seu desespero, como a grande filha da puta fofa que era. Respirou fundo, fazendo suas preces com temor que o resultado do sorteio das composições de grupo colocasse-a com ele e assim atrapalhasse sua concentração.

— Tomara que eu não pegue a Hannah! - rezou baixo provocando risadas e o deboche de Monick.

— E perder a chance de ficar sozinho "trabalhando" em casa com ela? - brincou batendo seu ombro no de Kauê.

Sentiu-se pessoalmente ofendido. Era essa a impressão que tinham dele e de seu namoro? Que ele era só um taradão consumindo todas as oportunidades de transar com Hannah? Justo ele que, tendo-a em seus braços, só tinha vontade de passar horas sussurrando poesias dedicadas a ela ao pé de seu ouvido, não por falta de desejo pelo corpo da garota e sim por se sentir impuro demais para conhecer e provar de seu mais íntimo, mas sentir-se seguro de permiti-la conhecer o seu.

Vir justo de sua melhor amiga potencializou o choque, mas não fazia mal. Não era aquele cafajeste desalmado que as fofocas e o imaginário fértil alimentado por filmes colegiais americanos deles idealizava e toda a saga em busca de seu amor lhe dava todas as forças necessárias para não precisar mais fingir ser. Mais do que nunca viu que sair daquele lugar o quanto antes era necessário.

Virou-se descarado na direção dela, dando seus suspiros apaixonados pela moça que fingia não ser com ela por temer uma bronca do professor que pudesse manchar seu aclamado currículo escolar. A cada dia ela ficava mais bela e inspiradora de seus rompantes poéticos.

— É que eu preciso de nota e se eu fizer par com ela... - explicou antes de retomar a conversa paralela com a líder de torcida, sorrindo com a leveza que somente os pensamentos relacionados a Hannah lhe davam. - Eu vou tirar zero nesse trabalho de artes, pois a Hannah já é uma obra incrível que eu nunca conseguiria reproduzir."

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Hanabi não tremeu, simulou um terremoto. Se derreteu igual manteiga na faca quente, escondendo o rosto no teclado do notebook para que ninguém visse sua cara besta com direito a sorriso instável oriundo de overdose de fofura.

Aquele era seu casal! O casal mais perfeito, doce e sensacional do mundo inteirinho! Gritou aguda e arrastada, batendo os pés no chão que nada tinha a ver com sua indignação. Como esses arrombados podiam ser tão perfeitos sem existir? Não existiam palavras suficientes para descrever OEE ou explicar o que sentia por aquela bendita história responsável por suas lágrimas. O jeito que Kauê se referia à Hannah lhe emocionou tanto... Isso de "não ser por falta de desejo, mas por não se sentir digno de conhecê-la no íntimo" porém querer mostrar a parte mais frágil de sua personalidade era a maior prova de amor que um bad boy daquela natureza podia dar em uma fanfic, sério.

Só de interpretar como "nunca foi por interesse em só sexo" e de que ele a via como mais que um corpo atraente ou não, nossa, lhe pegou de um jeito... E a doçura de compará-la com uma obra de arte? Aquela fic tinha seu coração e seu rabo todinhos. Como não morrer de amor se as cenas eram tão suaves, os personagens e relacionamentos tão bem desenvolvidos, tinha representatividade na medida certa e zero fetichismo, o que deixava o fato de ser escrita por um macho hétero ainda mais chocante. Voltando... Os diálogos tão fofos, puros e naturais... Ou talvez ela fosse muito cadelinha da escrita de Lilmonkey e adorasse se projetar naquela história linda. Puta que pariu, que se fodesse tudo! Que arrombados do caralho!