Conversa De Gente Grande

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Se não fosse por Mirai e sua pele já fria, Konohamaru demoraria mais  fora de casa.

Como o grande fujão que sempre foi, preferia dormir ao relento que encarar problemas e detestou a chata missão de bancar o adulto resolvendo essas questões o mais rápido possível.

Carinhoso, beijou a testa de sua irmãzinha como um lembrete de que cuidaria de tudo para que a experiência dela fosse a menos traumática possível. Tê-la deixado se divertir num parquinho de lanchonete com a babá esquisita de sua consagrada foi a melhor ideia do mundo e se recusou a imaginar como teria sido se ela também tivesse flagrado o casal na sala. Com certeza essa seria uma de suas principais reclamações com Kurenai.

Por falar em sua madrasta, assim que abriu a porta ela fez menção a se levantar para terem uma conversa. Acenou para que ela esperasse, apontando o queixo na direção de sua pequena prioridade. Depois que a pusesse na cama, o mundo poderia se explodir, antes disso que lutassem contra a ansiedade de aguardar um pouquinho.

Não lembrava que a garotinha pesava tanto e demandava um tremendo esforço para ser posta no colchão. Ela cresceu tanto e tão rápido... Se sentiu um péssimo irmão quando reconheceu negligenciá-la em grande parte de seu dia, anotando que essa deveria ser uma nova meta de mudança pessoal, mas todas essas questões egoístas poderiam esperar que paparicasse a princesinha da família.

Depois de agasalhá-la com as cobertas, beijou sua testa desejando um bom sono, verificou seu conforto, aproximou dela a boneca que costumava abraçar durante a noite e colocou o brinquedo novo sobre a cômoda para caso ela acordasse a fim de brincar com ele ou levá-lo para mostrar às amigas de escola. Como alguns pernilongos deviam estar rondando aquelas bochechas fofinhas, preferiu acionar o ventilador de teto para cima e então afastá-los. Só depois de ter certeza que Mirai estava bem assistida, se propôs a pensar na mãe dela.

Respirou fundo assim que fechou a porta, sacudindo a cabeça em negação no caminho de volta para a sala. Havia mesmo necessidade de todo esse circo? Esfregou o rosto com os dedos por todo o percurso, sacudindo-se em negação e a primeira coisa que conseguiu dizer quando chegou ao próximo cômodo foi:

— Tá vendo o tanto de coisa que você teria evitado se tivesse simplesmente contado? - confrontou sem muito mistério ou rodeio.

Um pouco confusa graças aos últimos acontecimentos, Kurenai não conseguiu fugir do óbvio.

— A gente ia contar. A gente só precisava do momento certo. - insistiu no argumento falho. 

— Que nunca ia chegar. - cortou cansado. 

Hanabi tinha toda a razão de achar que contariam na última hora e pra falar a verdade, não era justo com ninguém ser negligenciado a esse ponto e estava ansioso pra ouvir desculpas que saíssem do básico. Qual o próximo passo? Lhe enviar um email institucional? Uma cartinha decorada com um vale-compras e um bombom de café? Já que levou tanto tempo para abrir o jogo, agora podia jogar todas as cartas na mesa, né? 

Rendida, Kure ergueu os braços e tratou de formular sua tese de defesa. Seria pedir demais que ele entendesse seu lado de mãe desesperada metendo o pé pelas mãos por mais um ano seguido? A julgar pela carinha decepcionada do coitado, sim. Riu nervosa e aceitou essa singela punição, pronta para a conversa mais esquisita de sua vida.

— Eu fiquei esperando o momento certo, mas é meio complicado chegar pra vocês e falar aleatoriamente que eu vou casar, entende? - pra ser sincero? Não.

— Não entendo não, tia Kure. - negou de pronto com as mãos na cintura. - Você não teria essa dificuldade se tivesse avisado que tava namorando com alguém e que em breve a gente ia saber quem era. Assim ninguém ia ficar chocado ou com a impressão de que o seu futuro marido é um intruso. - rebateu clínico.

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