Boataria

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Pra uma segunda de manhã, tava todo mundo agitado, né? 

Quando chegou na escola, Kono soube que o assunto do momento ainda era a suposta amizade entre ele e Hanabi, fofocada como um absurdo impossível. Por que duvidava do quão arrombados, criativos e fofoqueiros seus colegas poderiam ser? Depois de um fim de semana inteiro, jurou que eles tinham cansado e entendido sua versão, mas eles acreditavam só no que queriam e sua verdade não se inseria nisso.

Os comentários se dividiam entre os incrédulos que não entendiam como alguém tão fechado conversava tão íntima do garoto mais popular e bocudo da escola, e os que podiam apostar que rolava algum clima. Reconheceu pra si mesmo que bem que queria que a última opção fosse real e pros outros que não havia nem amizade e nem romance, uma pena, e ter sua privacidade invadida, exposta e deturpada justo com alguém que com certeza não deveria estar gostando nada disso foi a pior parte. 

Hanabi seguia previsível e esperando o início das aulas sentada em seu lugar favorito, fingindo não se incomodar com os cochichos e olhares. Seria capaz de assassinar com as próprias mãos quem criou os boatos que só veio descobrir quando pisou na escola e deu de cara com os burburinhos. Não que gostasse tanto do título de "monstro" da turma, mas preferia mais ele, atribuído por ser quem era, que o de "mina do Kono". Odiava ficar à sombra até de sua irmã, imagina na de um garoto alguém nem tinha ficado.

Recorreu aos fones de ouvido mas o volume máximo da música não era capaz de abafar o caos ao redor. Sua mente a enganava com a falsa sensação de conseguir ler seu nome sendo dito nos lábios de todos. Uma tortura para quem era tão reservada sobre sua vida afetiva, mas um divertimento para um espectador em específico. Trocou olhares com Inari e sentiu preguiça só de pensar que ele vinha tirar onda com sua cara ou cobrar coisas as quais não tinha direito. Quando ele se sentou ao seu lado, ela entendeu que ele queria era fazer os dois.

— Poxa, Nabi. Nem pra me contar a novidade... - comentou se esforçando para parecer chateado.

Nabi revirou os olhos entediada com a ladainha que mal tinha começado, mas sorriu no mesmo tom para tentar conseguir maiores informações.

— E por que você não me conta quem é que te contou coisas da minha vida que nem eu sei? - jogou verde.

O garoto, no entanto, mataria suas plantas antes que pudesse colhê-las. Se fez de sonso, completando por não revelar suas fontes, dando de ombros decidido a semear a discórdia.

— Acho que o Sarutobi deve saber melhor do que eu... - intrigou porque ferrar com a vida do rival nunca era demais. - Eu sempre desconfiei que tu tinha uma queda por ele. - acusou como se tivesse permissão para uma conversa tão invasiva, olhando para ela por sobre o ombro direito e rindo desdenhoso. - Diz aí, cês tão ficando? - curiou 

— Te devo satisfação por acaso? - retrucou sem filtros.

Quem ele achava que era? Inclusive ele que não se achasse perdoado pelas tais piadas que fazia no grupo dos meninos que Kono citou. Até afastou o ombro para evitar encostar num ser tão falso e desprezível quanto seu ex-amante de mágoa fingida.

— Pensei que a gente ainda tivesse um lance... - lamentou e ela ficou fula.

Seu clichê romântico tinha que ser o falso triângulo amoroso onde um dos garotos eram uma escolha moralmente questionável e o outro totalmente desprezível? Que bom que ela não era um S/N burra e, se fosse para escolher entre um dos dois, ele já estava fora do páreo.

— Garoto? Eu só te dei uns pegas. - colocou-o no lugar.

Se já tinha vontade de ficar com Konohamaru por conta de sua paixonite, agora queria só de raiva e não se levantou e foi lá chamá-lo pro vamos ver na frente de Inari por ainda estar puta e não querer dar ao ex-amigo o gosto de se render fácil. Odiava que as pessoas da rua queriam se meter mais em sua vida do que seu pai ou sua babá, por exemplo.

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