Badtrip

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Quando falavam sobre o poder de seu patrão, todos os que trabalhavam com os Hyuuga costumavam explicar a dinâmica do todo poderoso falando sobre o alojamento que mais parecia uma vila onde funcionários dividiam casas e apartamentos de micro-porte e tinham a própria área de lazer com churrasqueira e uma piscina menor pra ficarem à vontade caso quisessem passar a folga ali ou confraternizar com os empregados de visitantes.

Além de ter um quarto só seu dentro da mansão, Natsu também era dona de um bom espaço onde podia descansar melhor na ausência de Hanabi, curtindo sua poltrona acolchoada e reclinável dada por suas meninas no último dia das mães e a maratona de luta livre que passava na TV. Permanecia com o seu espaço porque era bom ser só mais uma mulher de meia-idade em vez da mãe substituta dos filhos de gente rica em tempo integral.

Claro que vez ou outra entraria em contato com a parte da equipe de dentro da casa principal para saber como estavam as coisas, mas como seu ordenado só incluiria Mirai em sua função de babá no próximo mês ainda não tinha a obrigação de cuidar de ninguém. Pegou um balde de pipoca com bastante manteiga, ignorando o celular que vibrava com nunca.

Era tão difícil assim criar os próprios filhos? Tinha esperança que em meia hora sem ela ou Konohamaru por perto a nova patroa seria capaz de fazer o mínimo da lista básica que o garoto passou por ter um coração molenga e muita paciência, coisas que faltavam em Naná. Deixou que as coisas se encaminhassem naturalmente, afinal Kurenai ainda era a mãe da fedelha e tinha que aprender de um jeito ou de outro que nem sempre terceirizá-la.

Hiashi desistiu de entrar em contato com ela e entendeu de primeira que ela ignorava as chamadas de propósito. A ousadia dela era admirável e se um dia ela desistisse de ser babá e precisasse encontrar outra, a primeira regra é que a substituta jamais poderia ser tão íntima de suas princesas a ponto de sentir a segurança de que elas sempre a protegeriam no cargo. Olhou para a noiva e usou os ombros e um sorriso tenso para sinalizar que sentia muito, mas não poderiam contar com ajuda profissional.

O jeito era fazer à moda antiga: cuidar da própria criança feito pais normais. Um objetivo que seria bem simples não fosse o fato de que há muito ele não encontrava uma menina da idade de sua nova enteada, o que não fazia diferença já que nunca cuidou nem das suas. Ah, também fazia tanto tempo que Kurenai não ficava sozinha com a responsabilidade de cuidar da pequena que perdeu o costume. Foi uma vergonha constatar isso, mas seu filho postiço conhecia muito melhor os gostos da irmã do que ela.

A única ajuda que teriam era a lista de tarefas que Kono montou e das quais já tinham cumprido a meta de brincar. Queriam muito pular para a hora de dormir, mas até lá faltava uma hora e se tirassem ela da rotina de propósito, seus filhos maiores nunca mais os perdoariam. O próximo item era distraí-la até cansar, mas isso era tão abrangente que os dois surtaram. Olharam pra menina entediada no sofá e perceberam que precisavam de criatividade, pois os adolescentes deixaram claro que ela já tinha visto muita TV e por isso proibiram. Como criavam crianças sem televisão hoje em dia? Por que não podiam usar o celular também? A meta deles era forçar uma convivência analógica? Cadê o papo sobre a modernidade do século 21? Impossível debater, então bola pra frente.

Se mantivessem a calma, conseguiriam. Era só uma menina de 9 anos que não queria mais brincar com nada, não podia ver TV e nem jogar no celular dos outros e nem se interessava por adultos fantasiados de personagens nostálgicas. Puta merda, estavam perdidos!

Mirai não sabia o que se passava por suas cabeças e muito menos se importava, querendo apenas que a tirassem do marasmo sem envolver adultos lhe tratando como se sua idade comparasse seu intelecto com o de uma pedra.

— O que a gente faz agora? – uma pergunta inocente que botou medo nos dois escandalosos.

Sem pânico!, Kurenai pensou. Não era difícil, ela só tinha que... Conversar. Isso, só tinha que conversar com sua pequena mas... Como fazia isso?

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