Pressionado

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A trilha sonora ambiente não poderia ser mais propícia. Nabinha desfilava pelo shopping como uma badgirl inveterada ao som de Seven Rings apontando indiscriminadamente em variadas direções em todos os lugares em que passava.

Ela via, ela gostava, ela queria e comprava!

Jogos eletrônicos, celulares novinhos e tablets pra toda a trupe. Roupas de banho? Até Konohamaru ganhou novas e olha que o garoto tinha pânico de água. Lembrando disso, comprou pra ele as boias rosas que Mirai escolheu só de sacanagem. A garotinha queria muito uma bicicleta rosa e se ela queria, Hanabi adorou mimar sua nova princesinha. Pulseira e gargantilha de cristais Pandora nem iam pra bolsa, ela fazia questão de usar na mesma hora e sobrou pra Konohamaru bancar o mordomo, erguendo até seus cabelos para melhorar a visão da nova compra. Tão bonita quanto a cara do garoto tava feia. Mal pagou a conta, bufou indignado por ele continuar travado mesmo depois da travessura da boutique.

— Nem o rolê do provador melhorou seu humor?

— Pensei que ele não tinha acontecido igual a gente nunca ficou nas nossas vidas... - confrontou escutando o estalo de lábios entediado dela.

— Vai começar de graça? - querer poder dizer que eram pelo menos amigos era graça agora?

É que depois que o tesão passou, Kono se sentiu um pouco usado. Ela vinha, se amassava com ele e depois pouco olhava em sua cara? Até quando isso? Foi esquisito mamar os peitos de alguém cujo ele não podia nem marcar onde esteve na foto postada com um ídolo da infância pra evitar que concluam que os dois saíram juntos? Que saco!

— Eu só queria entender porque eu sou seu segredinho senhorita "enrolo meio mundo e a outra metade é só esperar que eu tô chegando". - brincou ácido.

Sem levar muito a sério, Nabinha só caiu na real quando tentou lançar charme e abraçar seu pescoço e ele resistiu, substituindo seu sorriso malicioso pelo de cansaço.

— A gente já não falou sobre isso?

— Se fosse eu fazendo você passar por isso, você ia fazer um textão de 5 laudas sobre o quanto eu sou um babaca escroto, então porque eu não posso ficar chateado? - confrontou e ela não curtiu a sensação.

Precisava mesmo expor seus medos e inseguranças no meio de um passeio tão legal? Se era esse o preço dele parar de insistir nessa história, melhor pagar antes que perdesse a graça.

— Chateado você pode ficar, você só não pode querer que eu ponha o meu na reta pros seus amigos insuportáveis transformarem a minha vida num inferno. - pontuou e o garoto se sentiu ofendido.

Levou em consideração sim suas péssimas referências, o consumo exagerado do clichê da menina gorda envolvida numa aposta ou com um cara que a usava como passatempo, porém não era esse tipo de boy, será que deu perceber? Nenhum de seus vários defeitos chegaram a esse ponto e era sofrido que ela ainda duvidasse de sua índole.

— Você fala como se eu fosse um otário que te meteria o pau nas costas mesmo sabendo que eu nunca faria algo assim com você. - se defendeu e olha ele ficava muito mais bonito quando calado.

Já estava na hora dele parar com essa mania horrível de achar ser o único com sentimentos para proteger. Não era tanto sobre desconfiar dele e sim sobre entender que ele nunca seria prioridade frente a sua paz de espírito.

— Tá, Kono. Você não faria nada do tipo, mas você e as suas demais personalidades me defenderiam dos seus amigos que fizessem mesmo que eles te deixassem pra trás com isso? - o simples titubear dele bastou para comprovar a tese dela e se isso por si só já a chateava, imagina ver com os próprios olhos - Nós sabemos que não e eu sou mais feliz enquanto posso ignorar isso. - confessou.

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