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Seulgi♡

Adoraria poder dizer que foi o Sol quem me acordou na manhã que se seguiu. Mas, feliz ou infelizmente, o papel de me despertar não coube ao astro rei naquele dia. A luz foi apenas a minha segunda constatação. A primeira foi a consciência de que eu não estava sozinha.

Quem me acordou naquela manhã não foi o Sol, mas alguém quase tão monopolizador quanto, ao menos para mim e nos últimos dias. Porque conforme os segundos passavam, os ponteiros se arrastavam no relógio da praça central, a areia escorria pela ampulheta... conforme o ciclo do amanhecer-anoitecer ocorria, em sua sequência infindável... conforme as pessoas iam e vinham naquele salão, as garrafas de bebida eram abertas e esvaziadas, os corpos se moviam e as moedas rolavam pelo assoalho puído - nada mais do que a finalização de mais um dia ou período de serviço... conforme tudo isso acontecia, a minha certeza aumentava. A certeza de que Jimin se tornava, cada vez mais, minha nova versão do Sol.

Manter-me orbitando ao seu redor, como um de seus planetas, parecia ter se tornado sua principal ambição, do início da tarde anterior até aquele momento - enquanto o som suave e relaxado de sua respiração penetrava meu sono sem sonhos, invadindo minha mente cansada demais mesmo para alucinar aquele momento. Eu tinha certeza de que era real. Ao contrário das razões por trás de sua decisão súbita e inexplicável de me tornar exclusiva, por assim dizer. Avaliando bem, parecia, sobretudo, um gesto impulsivo. Como bom filho de família tradicional e rica, como bom exemplo de menino mimado, eu não duvidava muito de que era exatamente aquela a motivação para a proposta de contrato. Um capricho. Mais um, entre seus infindáveis caprichos. E a minha comprovação vinha justamente da maneira com que o mesmo havia "se justificado", em minha frente. Ajudar-me a me livrar do meu excesso de trabalho? Poupai-me, Jimin. Eu não acreditaria nisso...

Seria muito mais fácil se ele houvesse concentrado suas palavras apenas na parte que dizia respeito a "se satisfazer". Então, sim, suas palavras fariam jus aos seus atos. Então eu acreditaria que ele estava dizendo a verdade.

Mas, sendo suas palavras verdade ou mentira, qual seria a diferença? Eu ainda aceitaria... se não pela quantia prometida, ao menos pela curiosidade. Curiosidade de saber se, de fato, aquilo que falavam dele era verdade... saber se os chiliques de Minah e sua postura quase cuimenta no que dizia respeito a ele tinham algum embasamento. E, naquele instante, depois de provar da verdade, eu dificilmente não compreenderia as razões dela.

Fosse o canalha que fosse, Park Jimin não era ruim de cama. De maneira nenhuma.

Mas tudo isso eu viria a pensar depois... bem depois daquele minuto. Naquele instante, minha única preocupação era, tão somente, despertar - embora o embalo tranquilo de sua respiração me convidasse a fazer unicamente o contrário: afundar-me ainda mais em seu peito macio e quente, e ficar ali, negligenciando o mundo e a realidade que implorava que eu a vivesse. Nunca o apelo de uma respiração me foi tão tentador... Mas, ainda assim, lutei contra meus instintos - ou melhor dizendo, uma parte de meu subconsciente lutou, dizendo às minhas pálpebras para se abrirem,e encararem a luz amena que derramava-se pela janela.

Não hei de negar que meus olhos estranharam um pouco  aquela luminosidade, mas estranharam menos; talvez pelo muito que eu deveria estar ali, sendo beijada pouco a pouco pelo Sol alto no céu parcialmente nublado daquele dia que, supunha eu, se iniciara cinza e ia se tornando azul. Não fechei os olhos, ao contrário do que teria feito em outros dias, temendo o risco de cair novamente no sono que ainda não fazia esforço algum para se esvair de mim, limitando-me a piscar, uma e outra vez, antes de finalmente me mover: minimamente, cautelosamente, erguendo meu rosto para poder visualizá-lo melhor. E, quando o vi, relembrei-me a razão de não ter saído dali no meio da madrugada, como se supunha que eu deveria fazer.

Just one more - Seulmin FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora