Just one more - Seulmin Fanfic

01

Seulgi♡

A noite mal havia começado,e ele já estava ali.
Sentado na mesa do fundo,acompanhado por uma dose do melhor uísque da casa e dos dois amigos que sempre vinham com ele - no entanto,eu sabia que,em breve,ele estaria na presença de um outro tipo de acompanhante.
Um com mais curvas... e menos roupas.
Isto já se tornara uma espécie de rotina. O que,obviamente,deveria sugerir que eu já estava habituada a sua presença. Mas a verdade era exatamente o contrário. Acho que nunca me acostumaria a presença daquele homem.
Eu não saberia dizer quando,exatamente,ele passou a frequentar este lugar,mas me lembro de que,ainda na minha primeira semana,eu já o havia visto,rondando pelos dois andares da casa,na companhia de duas ou três mulheres. Não menos que isso.
Aprendi desde cedo que sempre há os clientes peculiares. Este homem certamente era um deles. Ele nunca bebia além do natural,como tantos outros faziam. Nunca ficava de conversinhas com os outros clientes. Não entrava em nenhuma mesa de jogos,nem mesmo a mais simples rodada de cartas. Posso jurar que só o vi jogando com os próprios amigos,silenciosos,diferentemente dos demais.
Mas,acima de tudo: nunca solicitava a mesma mulher mais de duas vezes;outros tinham as suas preferidas,as exclusivas. Ele não. Em sufocantes dois anos,nunca havia manifestado desejo de possuir alguém para lhe servir,unicamente. Algumas das meninas cochichavam entre si,se perguntavam o porque daquela postura.
Eu sabia bem o porquê.
Park era o típico mulherengo: queria todas,nunca uma só. As histórias de seus casinhos amorosos corriam pela cidade como fogo em mato seco. Ele parecia não se importar;nem as dezenas de mães de filhas solteiras desesperadas para arranjar a mão delas a ele.
Mas aquele homem não desejava atar-se a mulher nenhuma.
"Bem,mas que sorte a dele que procure um lugar como este. Aqui estão as mulheres que jamais serão sequer pensadas como companheiras de alguém."
Só me era estranho ( e,ao mesmo tempo,reconfortante a um nível inexplicável ) que,até então,não houvera vestígios de que ele notara a minha presença. Como isso fora possível? Não fazia a mínima ideia.
Suspirei,resignada,desviando o olhar do trio na mesa dos fundos para os degraus de madeira já velha da escada que devia descer. Passei as mãos pelo vestido,ajeitando o tecido vermelho vivo sobre as anáguas ( não muitas ) que usava. Desde a minha chegada a casa,no exato momento em que colocou os olhos sobre mim,o senhor Oh decidiu que vermelho era a cor perfeita para mim;empurrou-me um vestido vermelho extremamente decotado,muito para uma jovem de dezessete anos,à época,e deu-se por satisfeito com o resultado.
Mas confesso que,após dois anos vestindo praticamente esta única cor,mesmo sendo a minha preferida,vermelho estava me cansando. Mas eu sabia que de nada me adiantaria levar esta queixa ao cafetão. Oh era o tipo de homem pão duro. Controlava as despesas da casa,e fazia os cálculos ele próprio,sozinho. Nada poderia escapar de seu orçamento. Assim sendo,mesmo que eu reunisse coragem para pedir -lhe roupas novas,o máximo que ele faria seria me olhar de cima a baixo e me dizer que,se eu queria tanto novas peças,que dobrasse meus horários.
E eu sei disso por que pude conferir em primeira mão,diversas vezes,a mesma resposta ser dada a ingênuas noviças que pensavam ter o melhor patrão do mundo. Pobres infelizes.

- Seulgi o que está fazendo aí,parada?

Saí de meu transe,provocado por tantos pensamentos e recordações inúteis naquele momento,piscando algumas vezes para focar o mundo. E o que vi,ao pé da escada,foi a doce e familiar imagem de Irene a chamar-me para a realidade.

- Não sabes que o expediente já começou? - continuou ela,ao ver que detinha minha atenção. - Desça daí,já! Se o senhor Oh a pega parada,em meio a todo este movimento,não acabará bem para ti.

- Estou indo. - respondi-lhe,em uma voz meio fraca,enquanto descia os degraus,segurando parte do tecido volumoso da saia do vestido nas mãos,para não tropeçar.

- Tens que ficar mais atenta. - alertou-me Irene,ao ver que já me encontrava ao seu lado;eu,de frente para as mesas quase lotadas do salão,ela de costas.
- Tens ciência do quão rígido pode ser o senhor Oh com este tipo de coisa...