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Aviso:
Este capítulo contém cenas explícitas de cárcere privado, abuso físico, ameaça e intimidação. Tenha cuidado durante a leitura.

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Yoongi☆

O clique baixo se perdeu no silêncio que reinava absoluto no quarto. As argolas de metal tiniram e rangeram, enquanto eu realocava seu excesso, ajustando as grossas cadeias no comprimento correto. Nem muito largo, nem tão apertado que lhe impedisse a mínima mobilidade. Mas dado o ritmo profundo de sua respiração, eu diria com toda a certeza que levantar-se e correr não era algo que passava em seus planos.

Nem naquele momento, nem em nenhum outro eu permitiria que se ausentasse de minha vista. Mas era justamente porque não confiava totalmente em mim que fazia questão de verificar cada mínimo centímetro das correntes, um ranger alto ecoando por todo o andar quando forcei o pino que fixava a estrutura ao chão. Imóvel, como eu gostaria que estivesse.

Meus passos não produziam quase nenhum som enquanto eu retornava para o lugar que ocupava antes, minhas mãos tomando com cuidado o aro de ferro chumbado. Meus dedos deslizaram pela lateral da algema, o aro de metal reluzindo fracamente, graças ao recente polimento que lhe havia dado; as partes se abriram com um pouco de pressão, a peça deslizando tranquilamente de minhas mãos para sua pele, o contraste entre o ferro e a tez leitosa e imaculada não passando despercebido aos meus olhos por um único segundo. Um novo estalo, e estava fechada, o ajuste de cirúrgica precisão despertando uma nota a mais de segurança em meu interior. Apertada demais para se soltar... suave o bastante para não machucar... A menos é claro que ela não tentasse alguma besteira.

Meus olhos beberam de sua imagem, vertendo de suas feições tranquilas cada pequeno detalhe, gravando-os em minha memória como queimaduras. A analogia peculiar fez surgir um sorriso em meu rosto, pequeno, mas ainda assim capaz de refletir os pensamentos que me iam pela cabeça. Porque como o fogo, ela tivera a capacidade de me moldar, transformar a matéria e corroê-la até as cinzas, ainda que não tivesse ciência plena disso. Me era um tanto irônico que ela não tivesse a mínima noção, não lhe passasse pela cabeça o menor dos efeitos que tinha sobre tudo ao seu redor... sobre mim, acima de tudo. Eu era, afinal, tão bom ator para que não me percebesse ardendo ao seu lado? Ou ela era tão ingênua, tão inocente a ponto de desconhecer mesmo os sinais mais evidentes da minha paixão?

Seu peito subia e baixava com lentidão, sua respiração soando baixinho como um sussurro. A pouca luz, provinda da chama trêmula do candelabro que havia acendido pouco depois de colocá-la com cuidado sobre a cama, mal iluminava suas formas; ainda assim, eu sabia exatamente o quão bonita ela parecia enquanto dormia, porque uma vez mais eu havia tido a dádiva de vê-la tomada pelo sono. O evento parecia ter ocorrido há toda um milênio, mas os momentos continuavam vividos em minha mente como se eu os houvesse acabado de vivenciar. Uma memória doce e terna, de uma noite memorável, para se dizer ao mínimo.

Não me recordava de alguma vez ter tido tamanho prazer no simples ato de observar alguém, como o tinha naquele segundo. Ainda que se transcoresse toda a noite, um dia inteiro, uma semana, um mês! O que fosse... eu não teria me cansado. Era como uma espécie de espetáculo silencioso, imaculadamente bonito e singelo: assisti-la dormir. E agora, em comparação com o a ocasião anterior, eu tinha todo o tempo do mundo para observá-la; distantes de possíveis olhos curiosos, longe de tudo e de todos, éramos apenas os dois e a promessa de uma eternidade efêmera e maravilhosa como cada suspiro proferido entre seu sono. A casa estava mortalmente silenciosa, as paredes quietas e preocupadas exclusivamente em tomar uma pequena parte que fosse de sua presença ali, cada milímetro de madeira, de mármore, de concreto... tudo voltado para ela. E não seria eu a me atrever a romper aquela atmosfera sacra de tão pura. Envolta pelo manto do sono, rendida à viagem pelo mundo dos sonhos, ela me parecia a imagem mais fiel e perfeita de um verdadeiro anjo...

Just one more - Seulmin FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora