Taehyung◇
O calor me fez retirar o primeiro dos botões de sua casa. A abertura parcial da camisa de algodão me trouxe certo alívio sobre o calor mormacento que se estendia até onde minha pele e sentidos poderia captar, mas foi uma sensação passageira; durou-me, para todos os fins, somente até que a próxima lufada de vento trouxesse novamente a impressão de estar sendo sufocado por mais invisíveis.
Desfiz o segundo botão, inconscientemente consciente de que aquilo que me acometida não era apenas resultado da temperatura elevada, mas também da ansiedade que vinha inundar as minhas veias como um tipo novo e altamente corrosivo de sangue. Apressei as passadas, minha respiração se tornando mais instável conforme eu me afastava da residência dos Park. Tendo descido os degraus correndo, tanto os do segundo andar como da entrada, era de se esperar que tivesse perdido o medo de simplesmente tropeçar e dar adeus a um ou dois de meus dentes - e assim de fato o era. Mas a minha pressa não era somente para chegar ao meu destino, minha própria casa, como para estar o mais longe possível no momento em que Jimin despertasse de seu transe.
Eu não podia dar mais explicações, sem correr o risco de colocar em cheque minha fuga com Irene. O plano como um todo já era demasiadamente arriscado, com as poucas pessoas que de fato sabiam da sua existência e de como estava sendo posto em prática. Eu não poderia me arriscar... nos arriscar... A que mais do que o básico fosse conhecido pelos ouvidos errados.
Caminhei pela rua com cautela apesar da velocidade de minhas passadas, escolhendo caminhos alternativos e resistindo à tentação de olhar para trás e checar se estava sendo seguido. Felizmente para mim, as quadras estavam praticamente vazias, as famílias certamente reunidas à mesa do almoço - como o próprio Jimin deveria estar naquele momento, rodeado pelos pais, pelos criados e pela noiva; um bolo se formou em minha garganta quando pensei sobre a figura de Lalisa, o desconcerto obrigando-me a reduzir o ritmo para engolir a sensação de desconforto. Por mais cretino que Jimin tivesse sido, ainda era meu amigo e eu não poderia deixar de desejar que aquela situação se resolvesse da melhor forma possível, e de preferência sem que precisasse utilizar do instrumento que havia lhe dado. Não possuía nenhuma rixa particular com Manobam, sequer tinha me encontrado ou sido apresentado pessoalmente a ela, mas as fofocas da cidade tinham me incumbido de informar a um curioso resumo sobre sua pessoa.
A notícia de que o filho e herdeiro único dos Park iria se casar correu pela cidade como fogo em palha seca, não demorando muito a tornar-se tópico principal de muitas rodas de conversa e mesas de chá as cinco da tarde, ainda mais depois que as testemunhas da apresentação oficial da moça ao noivo relataram a maneira explosiva e totalmente desrespeitosa com que Jimin recepcionara a moça. Pouquíssimo tempo depois, pequenos interrogatórios começavam a ser feitos sobre a trajetória e a personalidade da dita noiva, o fato de Lalisa ser estrangeira sendo motivo de escândalo, mas certamente não tanto como a realização de que seria a jovem, ela própria, a responsável pelos negócios da família após a morte dos pais; Lisa era muito nova quando tornou-se órfã, não deveria ter mais do que dezessete quando herdou o império de manufaturas e algumas das mais importantes rotas de comércio de seda, e desde então tinha administrado com tamanha perfeição, lidado tão bem com mercadores e sócios, que os lucros tinham mais do que triplicado. Ser mulher, e ainda por cima bem sucedida financeiramente, eram termos que não cabiam em uma única frase, ao menos não para a mente limitada das pessoas daquela cidade, daquele distrito.
A mim pouco interessava que Manobam fosse dona de seu próprio nariz, que fosse milionária e praticamente emancipada. O que de fato preocupava-me era o fato de ela ter escolhido viajar para tão longe, quando não lhe faltavam pretendentes em seu próprio país. Os boatos informavam que, ao todo, a moça já havia tido cinco pretendentes, tendo ficado noiva e quase se casado com um deles - o matrimônio somente não fora celebrado porque o pobre infeliz havia sofrido um acidente, morrendo três dias antes da troca de votos. E tudo isso tendo passado, tornara a receber propostas, as ambições de muitos e as verdadeiras paixões de outros não parecendo suficientes para Lisa, uma vez que tinha deixado seu país, seus negócios e o que lhe restava da família para que fosse sagrada uma reunião que estava mais do que claro, não teria um futuro promissor.
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Just one more - Seulmin Fanfic
FanficJovem. Bonito. Ele deveria ter sido só mais um cliente. Só mais um entre os tantos que passam diariamente por este lugar. Um dos tantos homens entediados com suas famílias que vêm até aqui em busca de diversão. Ele deveria ser só mais uma bolsa chei...