Aviso:
Este capítulo contém cenas explícitas de cárcere privado, abuso físico, ameaça e intimidação. Tenha cuidado durante a leitura.
---,,---Seulgi♡
Eu não fazia a menor ideia de que horas eram. Podiam ter se passado meros minutos, uma hora ou um dia. A sensação seria exatamente a mesma. No fundo, rezava para que fossem somente segundos, que a eternidade acorrentada não passasse de uma impressão errônea de minha mente, ainda em choque pelos últimos eventos. Quando, nos meus quase vinte anos de vida, eu poderia imaginar ser vítima de um sequestro? Mais do que isso: como eu poderia sequer pensar em ser raptada por alguém que até então tinha a minha total confiança? Nunca, seria uma resposta plausível e mais do que adequada para esse questionamento que, momento a momento incontável, vinha-me à mente.
O aperto da algema férrea ao redor de meu tornozelo era quase nada, comparado à dor que sentia em meu coração, ou onde quer que houvesse alguma responsabilidade pelo sentimento ruim que serpenteava pelas minhas veias. Sentia-me traída, assustada, decepcionada e principalmente incrédula. Não conseguir acreditar no que se desenrolava deve ter sido o bastante para me deixar tão desnorteada, nos momentos que se seguiram ao meu despertar brusco e incômodo. A tira metálica fizera cruelmente bem o seu trabalho em me manter imóvel, mesmo que minha vontade houvesse sido me afastar... me afastar e me afastar mais... a luta desigual contra a cadeia me rendera um hematoma vermelho, que de fato parecia pior aos olhos do que eu o realmente o sentia. Doía era óbvio, mas não muito mais do que o peso mórbido e gigantesco que havia baixado sobre meus ombros.
Os olhos loucos de Yoongi pareciam me seguir como imãs, nunca se desgrudando de mim por mais do que um único segundo, e ele também não se afastava mais do que poucos metros. O quarto em que estávamos era pequeno, a mobília reduzida à praticamente nada - apenas a cama onde eu estava presa, o criado mudo ao lado e uma cadeira de aparência empoeirada não muito distante; e entre olhar para o nada e seguir apreciando o espetáculo bizarro que era me ter ali, encolhida e silenciosa, ele preferia a última opção. Já eu mantinha minha atenção o mais distante de sua figura que o podia, os meros vislumbres que tinha de seu rosto eram totalmente insuportáveis e somente serviam para me deixar ainda pior.
Pânico aflorava periodicamente em meu interior, mas após ver e sentir sua reação ao primeiro ataque, esforçava-me para manter minhas emoções contidas ao máximo, ciente de que somente o fariam mais nervoso e irritado - e tudo o que eu não precisava era despertar a fúria de Yoongi. Até o presente momento, por mais insanamente que estivesse se comportanto, ele não havia feito mais nenhuma manobra que buscasse me ferir fisicamente, passado o incidente com a faca; o corte em meu rosto inicialmente mal me havia sido sentido, tamanha a quantidade de adrenalina em minhas veias, mas passado esse instante de perigosa excitação a pontada dolorida se fez notar, juntamente com a umidade viscosa e desagradável de um pequeno sangramento. Meus questionamentos impensados e ditos aos gritos nada lhe provocaram além de uma expressão enfadonha e apática, no entanto seu olhar não foi menos perturbador do que o tinha sido anteriormente; saiu em sequência, deixando-me a saber que quaisquer outras perguntas que eu me atrevesse a lhe fazer não teriam réplica mais satisfatória ou mais conciliadora, porque a julgar pelo brilho de suas íris e pela determinação muda e letal implícita em seus atos - desde me atrair para o lado de fora do bordel, até o segundo em que a porta se fechou e desapareceu para só Deus sabia onde -, ele não estava mais determinado a falar do que eu estava em sair daquele lugar.
Pelos momentos em que me deixou a sós, provando sua confiança nas correntes que me atavam ao leito em que me depositara, a voz em meus pensamentos percorreu voltas e mais voltas, sempre me dizendo que eu precisava encontrar uma maneira de sair. Como? era a grande questão. Uma olhada rápida ao redor, e percebi que deixar aquele cativeiro não seria uma tarefa nada fácil; mesmo no interior, as paredes eram altas e eu tinha quase certeza de que não estava no primeiro andar daquela construção. Havia uma única janela, e esta estava firmemente trancada e reforçada com tapumes de uma grossa madeira, fixa ao seu lugar com pregos tão grandes como a minha mão; a porta por outro lado parecia mais frágil, uma vez que do ponto de vista de Yoongi não deveria fazer muito sentido impossibilitar minha saída por ali, se eu supostamente estava acorrentada ao pé da cama. Acompanhando a grossa corrente, notei que estava presa à dois lugares e não à um só, como tinha pensado inicialmente; os elos pesados primeiro se envolviam na estrutura de madeira e então dela partiam até uma argola de ferro muito grande e de aparência mais antiga do que a algema, fixa ao chão por um suporte de mesmo material. Arrastei-me até o limite que podia alcançar, forçando meus olhos na pouca luz oriunda das brechas da porta, examinando precariamente o fecho da peça. Como eu deveria ter imaginado, não era uma estrutura qualquer, dessas que poderiam ser abertas com grampos ou qualquer outro objeto pontudo... era uma fechadura pequena, constituída de três ou quatro pontos de inserção diferentes, e precisaria de uma chave muito específica para ser aberta - e se eu não houvesse perdido minha razão, ela só poderia estar com Yoongi.
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Just one more - Seulmin Fanfic
FanficJovem. Bonito. Ele deveria ter sido só mais um cliente. Só mais um entre os tantos que passam diariamente por este lugar. Um dos tantos homens entediados com suas famílias que vêm até aqui em busca de diversão. Ele deveria ser só mais uma bolsa chei...