Capítulo 45

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- Ele vai se casar. Então, o quê? Você já sabe disso, Karol - minha melhor amiga falou baixinho.

- Eu sei, mas receber o convite torna tudo mais real - coloquei meus cotovelos na coxa e a cabeça entre as mãos - como ele pôde me mandar isso?

- Talvez não tenha sido ele.

- O que não torna as coisas melhores - falei, irônica.

- Me diga qual o problema se ele está se casando? - eu sabia que ela estava me pressionando, ela já sabia a resposta, mas queria que eu admitisse para mim mesma.

- Eu não sei - murmurei, sentindo meus olhos picarem.

- Olhe para mim - ela disse e ergui minha cabeça devagar - qual o problema? - eu apenas a encarei por um tempo e senti quando uma lágrima escapou de um dos meus olhos.

- Eu amo o Ruggero - soltei e parecia que um elefante tinha acabado de sair dos meus ombros - eu amo o Ruggero mais do que eu amo o meu trabalho, o que é tudo para mim.

Nesse momento, as lágrimas já escapavam constantemente sem que eu pudesse interrompe-las.

- Então, o que você está fazendo que ainda não comprou uma passagem para a Itália? - continuei sentada ali, a olhando com cara de idiota, até que ela começou a bater palmas - vamos, vamos, vai mesmo entrega-lo de mão beijada para a outra? Você não é assim, você corre atrás do que quer.

Corri para o quarto e Valen me ajudou a arrumar as malas.

- Não acredito que estou fazendo isso, é a coisa mais louca que já fiz na vida - falei, correndo de um lado para o outro no quarto.

- É a única coisa louca que já fez na vida - minha amiga disse - aliás, que vai fazer e nada de amarelar.

- E como estão as coisas com Michael? - perguntei de repente. Michael Ronda, mexicano, moreno, e ex-namorado da Valen. Eles terminaram porque ele a traiu, e depois foi morar no México, isso á uns 2 anos, mas a umas três  semanas voltou falando que não conseguiu superar a Valen ainda, que ela é a mulher da vida dele e que quer voltar.

- Estamos indo devagar, nada oficial ainda - falou, dando de ombros.

- E você ainda gosta dele?

- É claro que eu gosto, mas tenho medo, e se ele fazer de novo?

- Não venha me falar de medo, está vendo o que estou fazendo? Caramba - sentei na cama após a mala estar pronta - não acredito que estou fazendo isso.

- Está, eu já consegui sua passagem e você vai amanhã às 06:00. Então, tome um banho relaxante, durma bem e vista-se para matar amanhã.

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Foi uma viagem longa e cansativa até Pescara, talvez o fato de eu estar à beira de um colapso nervoso cooperou com isso. Durante todo o tempo, no avião, no táxi à caminho da casa de Ruggero, tive que me lembrar de respirar ou acabaria tendo um ataque. Mordisquei o lábio inferior nervosamente e bati na enorme porta de madeira; não demorou muito para a maçaneta girar e quando ela se abriu, um par de olhos verdes me encararam e um sorriso brilhante surgiu no rosto de menino.

- Karol - disse e me abraçou fortemente.

- Lucas - respondi e retribui, adorando aquela sensação de conforto. Eu mal havia chegado e logo veio aquela sensação amistosa, como se estivesse me dando as boas vindas ao lar.

- Entre - ele disse e se afastou para me dar espaço. Entrei na casa e olhei ao redor, parecendo tudo tão familiar, como se fosse eu quem tivesse morado ali a vida toda; em seguida, encarei o garoto ao meu lado.

Um Namorado Por EncomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora