Capítulo 47

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 Comprei minha passagem para o voo das 15:00 p.m. e enquanto isso eu estava sozinha na Itália. Já que estava ali, aproveitaria para visitar alguns dos lugares que Lino havia me mostrado na primeira vez que eu estive aqui. Com a minha pequena mala jogada sobre um ombro, caminhei sem rumo durante alguns instantes até decidir que era hora de pegar um táxi; entrei no primeiro automóvel que vi e um homem de cabelos castanhos me olhou pelo retrovisor.

-Ciao - cumprimentou.

- Bom dia - respondi em inglês, mostrando que eu não era daqui.

- Para onde? - questionou e eu suspirei.

- Pode me levar para um lugar agradável? - questionei e ele apenas assentiu.

- Dia difícil? - perguntou depois de alguns minutos.

- Não imagina o quanto - murmure e encostei a cabeça na janela do carro, fechando os olhos.

Pensar que em algumas horas estaria indo embora deixava um aperto enorme no coração e senti uma lágrima silenciosa rolar pela minha bochecha, deixando uma marca úmida. Devo ter cochilado por um instante pois acordei com o motorista me chamando.

- Moça - forcei minhas pálpebras abertas e demorei um momento para focar no que acontecia ao meu redor - moça, chegamos.

- Oh - falei, me endireitando no banco. Sai do carro, passei as mãos no cabelo para amansar os fios e me aproximei da janela do motorista.

- Quanto devo? - questionei e ele desdenhou com a mão no ar.

- Não se preocupe, foi por minha conta - ele sorriu, amigavelmente - espero que o lugar possa te animar.

- Obrigada - respondi, a voz embargada pela emoção - está sendo muito gentil, senhor.

Ele acenou com a cabeça, deu a partida no carro e conduziu para longe. Peguei minha mala e fiquei sem falas quando me virei para olhar para onde o homem havia me conduzido; era um parque grande e majestoso, lindamente arborizado, colorido com flores diversas e no centro uma fonte de golfinhos que jorrava água para um lago. O lugar era uma beleza. Apesar de estar cedo, já havia pessoas caminhando, correndo ou apenas sentadas, observando a paisagem; crianças corriam pelo lugar, umas com as outras, sozinhas ou com seus animados bichinhos de estimação.

Me sentei em um banco sombreado por frondosas copas (na verdade, eu me afundei no banco) e fechei os olhos. Perdi a noção de quanto tempo fiquei sentada, apenas de olhos fechados, sentindo a brisa bater em meus cabelos e ouvindo as vozes no ambiente. Senti algo bater no meu pé e olhei para baixo, encontrando uma bola branca e preta parada; olhei ao redor, procurando o dono do objeto e ao longe vi um garotinho vindo correndo. Ele disse algo para mim em italiano, abaixou e pegou a bola em suas pequenas mãozinhas; antes de se virar, sorriu para mim, mostrando que faltava-lhe um dos dentes da frente, falou novamente e se virou, correndo até algumas outras crianças.

 O garoto tinha olhos verdes como as lindas árvores do parque, cabelos castanhos e ondulados e um sorriso cândido; fiquei ali o observando de longe e pensando que se eu tivesse um filho com o Ruggero, poderia ser muito parecido com ele e seria o bebê mais lindo do mundo. Uma onda de nostalgia me sufocou e eu queria muito essa criança, de cabelos castanhos e olhos verdes, muito parecido com uma mistura do pai e da mãe. Eu nunca fui melodramática ou sentimental, mas não conseguia parar de chorar desde que cheguei aqui. Quando a hora do almoço chegou, decidi ligar para Lino, precisava me despedir corretamente dele, foi muito bom comigo desde o primeiro momento; puxei meu celular do bolso e disquei seu número, que foi atendido no segundo toque.

- Karol - falou.

- Lino - respondi, não conseguindo esconder o desânimo na voz.

- Onde diabos você se meteu? - perguntou e parecia irritado. Eu nunca o tinha visto irritado.

Um Namorado Por EncomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora