Capítulo 11

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-Acho que precisa disso mais do que eu - Rugge disse depois que eu virei o copo de sua bebida pela minha garganta. Ele estava sentado sozinho no balcão do bar dentro da casa.

- A minha família muitas vezes me tira do sério - reclamei, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos - sinto muito.

- Está tudo bem, realmente - ele falou e pegou outro copo, colocando na minha frente - eu só tive que dançar com sua mãe, fui cercado por sua tia e acho que foi sua prima que encheu a mão com minha bunda enquanto eu passava.

- Ai que vergonha - falei e virei o líquido transparente de uma só vez - me mate de uma vez.

- Ei, não é tão ruim - ele riu suavemente.

- Estão tentando descobrir tudo - eu disse, a bebida já me deixando tonta pela velocidade que eu tinha bebido - você é bom demais para mim.

- Maniiiiiiiiiiiiinha - Bianca me abraçou pelos ombros e deu um beijo molhado na minha bochecha - você sabe que eu te amo muito, não é? - por sua aparência um pouco desalinhada e sua voz arrastada, sabia que ela estava bêbada.

- Eu também Bia - falei e sorri.

- Você precisa vim conhecer Jean - ela me puxou e se virou para Rugge - ela já volta, não saia dai, doçura.

Jean era um tipo alto, cabelos loiros bagunçados, olhos castanhos claros e lábios finos. Era um cara engraçado, bonito e pelo olhar em seu rosto estava apaixonado pela minha irmã. Vários pontos a seu favor.

- Está na hora do brinde, querida - papai apareceu e falou para mim.

- Tudo bem - ele me entregou um microfone e chamou a atenção de todos batendo um talher de leve na taça de vidro. Quando as pessoas se calaram e me olharam, eu limpei a garganta e comecei:

- Olá a todos, eu sou Karol, a irmã da noiva. Há alguns meses, Bianca apareceu na minha casa e disse que iria se casar; no começo eu fiquei um pouco receosa, afinal, é a minha irmãzinha e eu nem sabia que ela estava namorando. Mas eu espero que tudo dê muito certo em sua vida, maninha, e que Jean possa te fazer muito feliz. Caso contrário, a família é bem grande viu - risinhos ecoaram no salão - um brinde aos noivos - terminei e todos repetiram em uníssono.

- Foi um belo discurso - olhei para trás e sorri para o homem.

- Irmão - pulei em seu pescoço e o abracei - não tinha te visto.

- Acabei de chegar - falou - o que eu perdi?

- Nada demais - dei de ombros.

- Então, quem é o moreno bem alinhado?

-É Ruggero, meu namorado - estava bem fácil mentir agora, depois de tantas repetições.

- Vou conhecê-lo.

- Por favor, não o assuste.

- Mamãe já deve ter feito isso por mim - nós dois rimos e fui apresentar os dois.

- É um prazer conhecê-lo, Michael - Rugge disse após estreitar a mão do meu irmão após alguns minutos de conversa.

- Igualmente - ele sorriu - e espero que não magoe minha irmã menor, tudo bem?

- Não se preocupe com isso - Ruggero passou um braço pela minha cintura e me puxou para ele - eu não vou.

Quando a noite caiu, fiquei preocupada em como seria dormir perto dele. Não tinha bebida muito, mas o suficiente para ficar tonta, e apenas o cheiro dele já estava me deixando inebriada. Estava arrumando uma barreira de travesseiros entre nós e enquanto ele começava a desabotoar a camisa, eu tentei me distrair:

- Então, como entrou no negócio de acompanhantes? - questionei e o olhei para verificar se tinha ficado bravo pela pergunta indiscreta.

- Situações desesperadas - disse laconicamente.

- Eu entendo de situações desesperadas - falei - e você tem uma família?

- Sim, eu tenho.

- E como é?

- Grande e barulhenta.

- Onde estão? - olhei em sua direção novamente e me virei de costas, Rugge estava apenas de cueca boxer agora. Qual é, eu estava agindo como uma adolescente virgem.

- Na Itália- respondeu e consegui ouvi quando abriu a porta do banheiro -meu pai morreu faz alguns anos, então só está por lá minha mãe e meus irmãos.

- Quantos irmãos são?

- Somos oito homens - olhei em sua direção com a boca aberta.

- Oito homens? Carambolas.

- Acredite, minha mãe é uma heroína só por conseguir criar nós todos. Não fomos crianças fáceis.

Ele sorriu de lado e fechou a porta com o pé.

Mary tinha um carneirinho...
Mary tinha dois carneirinhos...
Mary tinha três carneirinhos... Oh, merda.

Mary poderia ter infinitos carneirinhos que eu não conseguiria dormir. Estava enjoada por conta das bebidas de hoje, a cabeça parecia que ia explodir e ainda havia a evidente presença do homem másculo e enorme ao meu lado na cama. Talvez eu devia ter aceitado a proposta dele de preparar algo no chão ou no sofá, mas nãaaaaao, fui ser a boa samaritana e achei injusto deixar o cara dormir em qualquer lugar.

Me virei lentamente na cama de modo que logo eu estava cara a cara com Rugge, parecia tão sereno enquanto dormia e eu uma psicopata que vigiava um homem desacordado. Eu NÃO sou nenhuma perseguidora, apenas para deixar claro. Ele estava dormindo de bruços, os braços sob o travesseiro e me deu uma vontade quase incontrolável de traçar suas costas perfeitas levemente com os dedos; seu cabelo castanho sempre muito bem arrumado estava uma bagunça e a coberta cobria do seu traseiro para baixo e....WOW, deveria ser proibido ter um traseiro como aquele.

Pare com isso, Karol, esse homem não é para você, me repreendi.

E por quê?, uma vozinha dentro de mim quis saber, mas eu enterrei ela no fundo da minha mente, sem uma resposta.

Joguei as cobertas para o lado e sentei na cama, erguendo rapidamente os pés quando senti o chão frio.

- Cacete - resmunguei. Calcei os chinelos, desci para tomar água e acabei esbarrando em algo que eu não consegui identificar no escuro. Voltei para o quarto depois de alguns minutos e deitei novamente, mesmo sabendo que nada me faria dormir.

- Sem sono? - escutei e pulei de susto.

- Oh, sim - respondi - me desculpe, não queria te acordar.

- Está tudo bem - ele se sentou e virou-se para mim - vire-se - ordenou e eu franzi o cenho.

- Para quê?

- Apenas vire-se, irá dormir rapidamente - falou e se aproximou de mim. Mesmo um pouco tensa com sua proximidade, me virei de bruços e fechei os olhos, apenas esperando o que quer que ele estivesse em mente e torcendo para que realmente me fizesse dormir, pois essa dor de cabeça estava me matando. Senti seus dedos sensualmente longos tocando a alça da minha camiseta.

- Posso?

 Oh céus, o que ele estava me pedindo? Queria que eu permitisse que ele tirasse minha roupa? Não, não, não, de jeito nenhum. Ele deve ter percebido que eu fiquei tensa, porque ele se inclinou e sussurrou no meu ouvido:

- Não se preocupe, eu não farei nada demais - suspirei audivelmente e desci as alças da minha blusa, curiosidade me matando para ver o que ele queria.

Rugge esperou que eu me ajeitasse novamente antes de colocar suas mãos em mim. Não do jeito que vocês estão pensando, seus pervertidos; eu não me lembro nem quanto tempo faz desde que algum homem (ou o único homem que eu fiquei) colocou as mãos em mim de um jeito...mais íntimo.

Um gemido involuntário escapou dos meus lábios quando suas mãos apertaram meus ombros de uma maneira deliciosa e eu relaxei visivelmente. Rugge massageava meus ombros, minhas costas e minha nuca com dedos hábeis, dedos que foram feitos para satisfazer uma mulher em qualquer parte que tocasse e eu nem queria imaginar como seria o uso deles em partes mais baixas do que as costas ou do outro lado.

Um Namorado Por EncomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora